sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mensagem da sonhadora

Oi gente!!

Gostaria de avisar vocês que eu vou ficar um tempo sem poder postar nada. Mas não se preocupem: em janeiro eu estou de volta com mais partes de "Bubbles" e uma nova história!

Feliz Natal e ótimo Ano Novo!!!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Minha melhor amiga - parte 1a

Existem dois tipos de pessoa: pessoas 'normais' e prisioneiros. Faço parte do primeiro grupo.

Toda pessoa 'normal' tem um prisioneiro. Os prisioneiros não precisam comer, dormir e nem ao menos respirar. Eles devem sempre obedecer uma pessoa 'normal'. Quando uma mulher 'normal' fica grávida, sua prisioneira também fica. O filho que a prisioneira tiver será prisioneiro do filho da mulher 'normal'. Quando uma pessoa normal morre, seu prisioneiro também morre.

Para garantir que seu prisioneiro irá sempre lhe obedecer, a pessoa 'normal' pode usar algo chamado de "mundo interior". Esse 'mundo' nada mais é do que a mente do prisioneiro. A pessoa 'normal' pode controlar tudo no mundo interior. Quando um prisioneiro e uma pessoa normal estão no mundo interior, veem um lugar que só eles podem ver. A pessoa 'normal' pode separar seu atos do mundo interior e do mundo real. O prisioneiro não.

Todos os prisioneiros, sem exceção, tem uma espécie de pulseira de metal. No mundo interior, essa pulseira se liga por uma corrente ao pulso de seu "dono". A corrente pode aumentar ou diminuir de tamanho de acordo com a vontade da pessoa 'normal'.

Me chamo Ariana. Minha prisioneira se chama Priscila.

Bubbles- parte 7

Os dias foram passando tranquilamente naquele estranho lugar sem nome.

Conheci melhor os meus "companheiros". Realmente, muitas vezes a primeira impressão é a mais certa.
Clara é a mais velha do grupo e também a que estava lá há mais tempo. Dezesseis anos, cabelo liso e escuro, olhos também escuros. E um amor incondicional pelas regras, pela ordem e pela perfeição.
Samira tinha a minha idade. Cabelo castanho e ondulado. Como eu imaginei, foi com ela que eu me dei melhor nos primeiros dias.
Mário era umm garoto, com tudo o que um verdadeiro garoto tem. Tonto, estranho, 'engraçadinho'. Logo no primeiro dia ele me apelidou de "garota nova". Não adianta, não consigo fazer aquela criatura dizer o meu nome. Mas não importa. Porque ele é um garoto.

O resto? Bem, não importa muito. O tal "treinamento com as bolhas" era para controlar a energy. Deveríamos controlar bolhas de sabão com a energy e levá-las até um certo lugar. Se a energy estivesse muito fraca, elas não se moviam. Se estivesse muito forte, estouravam. Era um treinamento muito difícil.

Mas eu sentia que tinha alguma coisa errada por aqui. Só não sabia o que.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Bubbles- parte 6

Onde eu vim parar?
...
A mulher ruiva disse para os meus pais que era representante de um internato especial. Enrolou os meus pais direitinho. Eles aceitaram me enviar para o tal "internato". Será que ninguém nunca ensinou para eles que não se deve acreditar assim em estranhos, principalmente se eles andam em carros luxuosos de vidro e sabem de todos os seus problemas?
...
Ela me fez entrar no estranho veículo. Quando já estávamos bem afastados do lugar de onde saímos, ela me contou o óbvio: que não trabalhava em internato nenhum, mas ela precisava dizer aquilo para convencer os meus pais a me deixarem ir.
O mais estranho foi o que ela disse depois: disse que sabia os problemas que eu tinha, as coisas pelas quais eu passava e, o pior de tudo, a causa daquilo tudo!!!
...
Tá, eu sei que uma pessoa que diz coisas assim é tudo, menos confiável. Mas ela tocou no meu ponto fraco. Eu sempre quis saber a causa daquilo tudo. Como é que uma pessoa que eu nunca vi na vida poderia saber de algo assim? Não faço a menor ideia. Mas essa era a minha única chance de saber a resposta.
Resposta que não me animou muito. Porque, de acordo com ela, era eu que estava fazendo tudo aquilo.
A mulher (que não me disse o nome nenhuma vez) me disse que eu tenho uma coisa "especial", uma espécie de poder que ela chama de energy. Um poder que poderia fazer muitas coisas. Por exemplo, machucar as pessoas ou quebrar objetos.

Então era tudo minha culpa?! Eles estavam certos em ter me dito tudo aquilo.

Não acabou ainda não, tem mais: de acordo com ela, eu não era a única que tinha isso. Para ser mais específica, mais quatro pessoas no mundo tinham esse "poder". A própria mulher ruiva era uma dessas pessoas. Mas ela conseguia controlar sua energy. Ela não só podia ficar perto dos outros sem que ninguém se machucasse, como também podia pegar objetos com a energy. Isso sim era muito legal.

Ela me levou para um lugar no meio do nada. Mas não era um lugar qualquer. Aquilo lembrava um cenário de conto-de-fadas. Parecia um castelo de cristal. Quero dizer, imagine uma enorme construção, toda feita de um material transparente. Os jardins do "castelo" eram enormes e bem cuidados, com vários tipos de plantas. Era maravilhoso!
O material de que o "castelo" e o carro da ruiva eram feitos não era vidro, como eu pensei antes. A mulher me disse que aquele era o material mais resistente que existe. Um trator poderia tentar passar pela construção, mas não iria conseguir. A única coisa que poderia destruir aquilo era energy. Era incrível.

Logo que cheguei, conheci os outros três.
"Jovens, apresento a vocês sua nova companheira" A ruiva fala de um jeito meio estranho. Como se eu e os outros fóssemos formar algum tipo de equipe.
"O-oi...meu nome é... Tatiana" Timidez? Eu nunca fui tímida. Por que as palavras não estavam saindo?
"Olá Tatiana. Meu nome é Clara.É m prazer conhece-la. Seja bem-vinda ao...ao..."
"Oi Tati!!!!Eu sou o Mário, mas as garotas preferem me chamar de...Lindão"
OK, estou diante de um exibido. Tinha que ser garoto...
"Feiosão, não assusta ela logo no primeiro dia. Oi Tatiana, eu sou Samira. Ignora a neurótica e o convencido"
"Oi!"
"Então você é a última escolhida?"
"Escolhida? Tipo, guerreira lendária ou algo assim?" Ótimo. Quando eu consigo falar, falo besteira.
"Não ouça eles, Tatiana, não sabem do que estão falando"
"Acalmem-se. Todos vão poder falar com ela. Mas antes... já é hora do treino com as bolhas, não é?"
"É sim, mestra"

Bolhas? O que isso tem a ver com energy? Acho que me meti em uma furada. Minha primeira impressão foi mais ou menos. Acho que vou me dar melhor com a Samira. Mas esse é realmente um lugar muito estranho.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Bubbles- parte 5

Mais um dia no...bem, o lugar não tem um nome ainda, mas logo,logo vai ter...eu acho.
...
A mestra saiu. Disse que pode ter localizado o(a) próximo(a). Quando a mestra sai, eu tenho que cuidar para que tudo fique em ordem. Não por ela ter me pedido isso, mas porque sou a mais responsável aqui.
Fui a primeira que ela trouxe para cá. Logo depois veio o Mário. Só seis anos depois é que a Samira veio.Não me dou muito bem com nenhum deles. Acho que é porque eles são muito irresponsáveis. Não posso culpá-los por isso. Os dois não conhecem direito os riscos. Não como eu.
...
"Bom dia, Samira! Bom dia..."
"Olá, chefe substituta!"
"Não consegue mesmo ser agradável, não é, Mário?"
"Não, senhora!"
Viu o que eu disse?
"Relaxa, Clara. Ele só faz isso porque é hilário te ver fazendo escândalo"
"É mesmo, não é, Samira?"
"Hahá. Viu, Clara? Relaxe..."
"Relaxar? A mestra vai trazer outra pessoa para cá. E eu gostaria que, só por um dia, Mário, você não fizesse essas 'brincadeirinhas'."
"Ah, Clara... Se for assim, ela vai achar que todos nós somos uns chatos que nem você!"
"Muito engraçado. Hilário."
O pior é que todos os meus dias são assim...Espero pelo menos que a pessoa que a mestra vai trazer seja mais... responsável. Que tenha noção das coisas. Ou que pelo menos seja menina.
"Barulho de carro.Será que é a mestra?"
"Acho que ela é a única pessoa que passa de carro por esse fim de mundo..."
Era a mestra. Ela desceu primeiro do carro. Logo depois, nossa nova companheira.
Era uma jovem loira. Usava uma roupa própria para exercícios. Nos pés, tênis de marca. Nas orelhas, um par de brincos com pérolas. Carregava uma mala.
Registrei mentalmente tudo o que eu podia ver nela antes de pensar nisso. Tudo indicava que ela, diferentemente de nós, estava bem antes de vir. Mais do que isso. Ela parecia estar vivendo muito bem.
"Jovens, apresento a vocês sua nova companheira"
"O-oi...meu nome é... Tatiana"
"Olá Tatiana. Meu nome é Clara.É m prazer conhece-la. Seja bem-vinda ao...ao..."
"Oi Tati!!!!Eu sou o Mário, mas as garotas preferem me chamar de...Lindão"
"Feiosão, não assusta ela logo no primeiro dia. Oi Tatiana, eu sou Samira. Ignora a neurótica e o convencido"
"Oi!"
"Então você é a última escolhida?"
"Escolhida? Tipo, guerreira lendária ou algo assim?"
"Não ouça eles, Tatiana, não sabem do que estão falando"
"Acalmem-se. Todos vão poder falar com ela. Mas antes... já é hora do treino com as bolhas, não é?"
"É sim, mestra"

Agora que estávamos todos reunidos, as coisas ficariam mais interessantes...

(mas eu ainda preciso de um nome para esse lugar!)

Bubbles- parte 4

Realmente, eu devo estar louca... discutir com aquelas garotas... De qualquer forma, depois daquilo eu me deitei de novo na cama e dormi. O dia seguinte provavelmente seria melhor, eu pensei...Pelo menos, não poderia ser pior...ou poderia?
...
Aula de Educação Física logo de manhã...Eu queria saber quem é que decide nosso horário de aula.

"Muito bem, você e... você. Vocês vão escolher os times. Vamos jogar basquete."
...
Bem, eu não me orgulho muito das minhas habilidades esportivas. A única coisa que eu sei fazer é correr. Por isso, o melhor é só jogar a bola para mim quando você não tem outra opção, porque senão eu vou demorar duas horas para decidir para quem jogar (não queira me ver tentando correr com a bola) e vou errar. O outro time vai pegar a bola e todo mundo vai brigar comigo (eles brigam com qualquer um que erre. Pelo menos na Educação Física, o meu "probleminha" não significa nada).
Pois é, mas o craque do meu time foi cercado e não sabia o que fazer. Teve que pensar rápido. E , adivinhem... A bola veio em minha direção. Foi um verdadeiro desastre para eu conseguir segurá-la. O pior veio depois: ninguém do meu time estava por perto. Eu não tinha escolha: precisava correr, chegar mais perto de alguém e arriscar um passe. Do lugar onde eu estava, era muita burrice tentar jogar a bola para alguém.
Comecei a correr com a bola. E é claro que o pessoal do outro time veio em minha direção. Uma menina do time deles estava muito perto. Ela ia conseguir pegar... não eu tinha que ser mais rápida... Ela estava conseguindo...
PAM
A menina foi lançada para longe. Eu não sabia quem ou o que tinha feito aquilo. Mas meus "coleguinhas" já tinham uma explicação na ponta da língua.
Alguns garotos foram ajudar a menina a se levantar. Ela tinha ralado o joelho e estava com alguns outros arranhões pelo corpo. Nada mais grave aconteceu, felizmente.

"Professor, isso foi falta"
"FALTA?! Isso foi muito mais do que uma simples falta!! Ela poderia ter quebrado a perna, ou o braço, ou... ela poderia até ter morrido!"
"Não exagera"
"Isso foi muito sério!!"
"Calma, calma, pessoal. Está tudo bem com ela, não se preocupem. Ela vai para a enfermaria, mas é só para fazer um curativo. Provavelmente ela não vai mais jogar hoje, mas vai poder ter as outras aulas normalmente. Não foi nada grave. E você, Tatiana, precisa se controlar!"
"O QUE?! Mas o que foi que eu fiz dessa vez?! Vocês viram que eu nem encostei nela!"
"E desde quando você precisa encostar em alguém para fazer uma coisa dessas?!"
É, se eu achei que as coisas poderiam mudar, eu estava completamente enganada.
"Olha, Tatiana, a gente às vezes exagera com você, tudo bem, mas você também não precisa ficar fazendo isso"
Ou não. Eu nem acreditei no que eu ouvi. Olhei para o garoto que me disse isso. Fazia muito tempo que ninguém da minha sala me chamava pelo nome.
"Eu...eu não fiz isso...Eu nunca fiz nada"

CRASH

Um barulho ensurdecedor, como se 200 janelas de vidro estivessem se partindo. E era mais ou menos isso que tinha acontecido. Todas as janelas da parte do prédio da escola que ficava voltada para a quadra se quebraram. Senti um vento muito frio. Iriam me responsabilizar por aquilo também? A resposta veio correndo para a quadra.
" Eu sou assistente do diretor. Ele me pediu para chamar a aluna Tatiana."
Assistente? Eu nunca tinha visto aquele homem lá.
"Sou eu. Qual é o problema?" Fiz essa pergunta, mesmo já sabendo a resposta.
" Ele quer falar com você. Parece que ele já chamou os seus pais"
Parece? Que tipo de assistente é ele?
Acompanhei o estranho até a sala do diretor, que não ficava tão longe quanto eu pensava. O diretor conversou um pouco comigo antes dos meus pais chegarem. Falou sobre a história do colégio, que é um dos melhores, etc... Depois, ele notou que eu não estava muito interessada, e mudou de assunto.
"Soube que você tem alguns problemas com seus colegas"
"Na verdade, eles é que tem algum problema comigo"
"Eles são mais de vinte. Você é só uma. O mais provável é que o problema esteja em você. Gostaria de conversar sobre o assunto?"
Não sabia onde ele queria chegar com aquilo. Nunca ninguém tentou falar comigo sobre esse assunto. De qualquer forma, eu nunca liguei muito para isso, então não tinha nada de ruim em contar tudo para o diretor. Mas estava tudo muito estranho.
"É que eles me culpam de qualquer coisa estranha que aconteça"
"Não foi isso o que eu soube"
Peraí...ele soube de alguma coisa? O que ele pretendia com aquilo?
" Se você já sabe de alguma coisa, então por que me perguntou?"
"É que eu quero saber a sua versão dos fatos"
"Eu não fiz nada!"
" Então, como você explica o que acontece?"
"Pode ser qualquer um...pode ser qualquer coisa!!"
"Então por que só acontece quando você está por perto?"
"NÃO SEI!! Se já escolheu em quem acreditar, por que ainda me pergunta alguma coisa?!?!"
"Eles chegaram, senhor"
A chegada do "assistente" interrompeu o que estava para se transformar em uma discussão.
"Mande eles entrarem"
Um casal entrou. Se o diretor não dissesse os nomes deles, eu não os reconheceria.
Eram os meus pais. Minha mãe estava loira? Da última vez que eu a vi, ela era morena. Eu acho. Era estranho. Acho que qualquer casal poderia ir á que eu não saberia dizer se eram meus pais.

"O que houve, diretor?"

" Viemos o mais rápido que pudemos.! A nossa Tatizinha está bem?"

"A Tatiana está bem sim. Só não podemos dizer o mesmo dos outros..."

" Que outros? O que foi que aconteceu?"

"Diga logo, homem!"

"Calma, calma. Eu vou dizer algo um pouco complicado... A filha de vocês é uma delinquente!"

" O que?"

"O que?"

"O QUE?!?"

"Bem, ela fez algumas coisas que..."

"EU NÃO FIZ NADA!!!"

"Explique-se melhor, diretor"

" Todos os que chegam perto dessa...dessa coisa, se machucam. Uma carteira da sala dela foi quebrada. Uma menina foi para a enfermaria, com sorte de estar viva. E agora, muitas janelas se quebraram. Os alunos e professores que estavam naquelas salas foram atingidos pelo vidro e se machucaram seriamente! Isso é ou não coisa de delinquente?"

" Ora, senhor diretor, pode ter sido qualquer um!"

"Já pensou que talvez o vidro das janelas seja de baixa qualidade?"

"Impossível. Os vidros de todas as janelas são iguais. E só se quebraram os das janelas voltadas para o lugar onde isso estava! E em todos os incidentes, sem exceção, isso estava presente!"

"PARE DE FALAR ASSIM COM A MINHA FILHA!"

"Senhor diretor, seja razoável. Como a Tatiana poderia estar fazendo isso?"

" Não faço a menor ideia. Mas isso é problema de vocês. O fato é que estão todos muito assustados. Os pais não querem uma ameaça dessas a segurança de seus filhos. Esses incidentes acontecem desde que isso veio para a nossa escola! Eu não teria chamado vocês aqui se a situação não fosse realmente grave. Eu...bem, eu gostaria de pedir que vocês retirem sua filha desse colégio"

"O QUE?! Está expulsando nossa filha?!"

"Não estou. Ainda. Se eu fizesse isso, ela provavelmente não seria aceita em nenhum colégio decente. mas se vocês insistirem em mante-la aqui, serei obrigado a expulsá-la"



Então era isso. Ele me queria fora da escola. Meus pais tentaram negociar, mas não teve jeito. No final, nós três saímos juntos de lá.
"O que vamos fazer agora? Esse é o melhor internato do país!Não vamos achar outro no mesmo nível!"
"Se não aceitam a Tatiana, é porque não é tão bom assim!"

"Acho que posso ajudar vocês!"
Quem disse isso foi uma mulher que devia ter uns quarenta, cinquenta anos. Ruiva, mas não era aquele tom de cabelo tingido, mas um tom natural, que combinava muito bem com seu rosto. Ela estava parada perto de um carro bem... diferente. Era um modelo bem luxuoso, mas com uma particularidade: parecia feito inteiro de vidro.

Eu tenho apenas 15 anos. Isso não é nem um quarto do que eu pretendo viver. Mas, às 12:45 daquele dia, eu percebi que não importava quanto tempo eu fosse viver, aquele sempre seria o dia mais estranho da minha vida.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Bubbles- parte 3

Não fui nas outras aulas do dia. Gente, como eu estou sensível. Como se coisas como aquelas não acontecessem todos os dias, todas as horas. Mas é que dessa vez... ai, eu não sei como explicar...Acho que dessa vez eles pegaram no meu ponto fraco,sabe...falar que os meus pais me abandonaram aqui... Acho que foi demais para mim.

MAS POR QUE É QUE ESSAS COISAS SÓ ACONTECEM COMIGO!?!?!?!?!? O QUE EU FIZ PARA MERECER ISSO?!?!?Quero dizer, por que é que essas coisas estranhas acontecem? Por que é só quando chegam perto de mim? Por que piora quando eu fico brava?? Não sou eu que estou fazendo isso, não é mesmo? Quero dizer, eu saberia se eu estivesse fazendo alguma coisa, não é? Não, não pode ser eu, tem de ter outra explicação!!!!!

Fiquei pensando nisso durante todo o tempo em que esperei no dormitório. E quanto mais eu pensava, pior eu ficava. Não tinha explicação. Simplesmente não existia! Será que eu sou mesmo, como eles dizem, um monstro?? Não, isso não. A primeira regra para quem, como eu, tem que aguentar esse tipo de coisa, é não dar ouvidos ao que dizem. Mas isso é muito difícil no meu caso.

Anoitece. As outras meninas do dormitório chegam.

"Aberração, os professores queriam saber por que você faltou aula. Eu disse que você devia estar aterrorizando alguma criança indefesa. Acertei, não é?"
"Cala a boca. Já não basta o que vocês fizeram na aula?"
" O que nós fizemos? Mas foi você que foi tirada da sala!"
" Vocês sabem muito bem do que eu estou falando"
"Ah, é por causa do abaixo-assinado, né? Mas esse é só o começo, coisinha. Ninguém vai querer seus filhos estudando na mesma escola que uma coisa que pode matar só com o olhar..."
"CALA A BOCA AGORA!!"

Má ideia. Não, péssima ideia. Não devia ter ficado irritada com elas. Os vidros do dormitório se quebraram. Pequenos arranhões apareceram nos braços das meninas.

"Eu não sou isso que vocês estão dizendo."
"Não? Então vai dizer que não está fazendo nada? Que nunca fez nada?"
"Mas eu não fiz nada!"
"Então o que é isso no meu braço? Também não é nada?"
"Se não é você, então quem é?"
"Como você explica isso?"

domingo, 29 de novembro de 2009

Bubbles-parte 2

Mais um dia de aula. Que tédio.
...
Troca de professores. Ao invés de ficarem quietinhos, sentados, esperando o próximo professor, como era de se esperar dos alunos do melhor internato do país, eles se levantam. Começa a bagunça. Meninas fazem rodinhas para fofocar. Meninos ficam jogando objetos para o alto (afinal, o que eles tem no lugar do cérebro,hein?) . De repente, um dos meninos tem uma ideia "genial". Se levanta, vai até a frente, pega um giz na caixa e joga para o alto. Começa uma guerra de giz. Algumas garotas saem correndo para não ter seus "lindos cabelinhos" sujos de pó branco.
Um giz jogado por alguém, não vi e nem importa quem, veio em minha direção. Um menino notou isso e avisou os amigos. Estavam todos olhando para ver o que ia acontecer. E o que aconteceu foi...nada. O giz estava a uns 20cm de mim quando virou pó.
"Ei, vamos ver quem consegue acertar um giz na monstra"
Bom, eu já disse que não ligo para as brincadeiras ridículas que esses lesados fazem. Mas chega uma hora em que qualquer um perde a paciência. E a hora foi essa. Me levantei e disse:
"Parem com isso...agora".
Cada giz na mão de cada um deles virou pó.Deu para ver que eles se assustaram... alguns davam até uns passos para trás.
"Ei...calma aí...nem acertou você"
"Não precisa ficar bravinha, aberração"
"Será que é seguro ficar tão perto dela assim?"
"Vê se não mata ninguém hoje"
"Se acontecer alguma coisa com alguém aqui, todo mundo já sabe que a culpa é sua!"
Fiquei pensando se não teria sido melhor eu ter ficado quieta. Pelo menos alguns acharam que seria melhor não me provocar. Mas seria muito melhor mesmo é se eles simplesmente calassem a boca!

"Ei, ei, crianças. Todos em seus lugares. A aula vai começar"
O que mais me irritava nos professores é que eles simplesmente fingiam que não estavam vendo o que estava acontecendo.
...
A aula foi seguindo um tédio como sempre. Até que um "engraçadinho" da frente jogou uma bola de papel em mim. A bola caiu do lado da minha carteira. Desamassei o papel e li o que estava escrito.

"A Tatiana é uma aberração
Essa instituição já foi considerada um dos melhores internatos que existe. É triste constatar que nosso diretor não quer fazer nada para manter essa imagem. deixam até que um monstro como a Tatiana estude aqui. Quem concordar que ela saia da escola, escreva abaixo. Também podem deixar seus comentários sobre o assunto.

Sou contra a presença dessa monstra na nossa sala.

Só não escrevo meu nome aqui porque senão ela pode me atacar

Ela é um perigo para nós

Mal consigo dormir a noite pensando no que ela pode fazer

Deveriam expulsá-la já!!

Só estaremos seguros no dia em que ela estiver longe !!!

Deveriam prende-la numa jaula CONCORDO eu também

Gente, que maldade... Mas eu também acho que ela deveria estar longe daqui

Por que ela não volta para o planeta de onde veio??? Acho que expulsaram ela de lá...
OS PAIS DELA NÃO QUEREM MAIS SABER DELA E DEIXARAM ELA AQUI
FORA, TATI-MONSTRA
Sai daqui aberração!!!
Ninguem quer saber de você, sua feiosa!
Vai pra um zoólogico, se é que lá aceitam coisas que nem você
Vai ameaçar otras pessoas!!!

SOME DAQUI!!(...)"

Parei a leitura por aí. Isso era típico deles.
"Tatiana, tem algo que gostaria se compartilhar com a classe? Algo mais interessante do que a matéria que vai cair na prova?"

Ótimo. Eles jogam em mim um papel cheio de ofensas, xingamentos e erros de português e eu e que levo bronca?
" Quer mesmo que eu vá até aí, professor? Eu posso acabar fazendo alguma coisa..." Paciência tem limite.
"Me respeite. Eu sou seu professor. Deixe-me ver o que é isso"
O professor veio até a minha carteira, pegou o papel e começou a ler.
"Quem é o responsável por isso?" Como se o papel não estivesse cheio de assinaturas de alunos que me queriam fora da escola por eu "ser uma ameaça a segurança de todos"
"Mas é a mais pura verdade professor"
"Quieta!"
"Professor, não está vendo as assinaturas no papel?!?!"
"Eu vou dar até o final da aula para o responsável vir falar comigo. E você, Tatiana, sem mais gracinhas!"
"Mas eu não fiz nada!!!"
"É, alien,sem gracinhas!" A cadeira da menina que disse isso se quebrou e ela caiu no chão.
"Eu tinha dito sem gracinhas, Tatiana"
"Professor, você não viu do que ela me chamou?? E a culpa não é minha se a cadeira não aguentava mais o peso dela!!"
" Professor, ela tenta me ferir e agora me chama de gorda?! O senhor vai deixar essa..essa coisa impune??"
"Tira ela da sala logo"
" Quietos, quietos...Tatiana, dessa vez você foi longe demais! Fora da sala, agora!!"
"Mas, professor, eu não..."
"AGORA!!!"
Ótimo! Quer dizer então que eles podiam me chamar do que quisessem, escrever tudo aquilo sobre mim e me xingar na frente do professor, e eu não podia nem me defender? Quer dizer então que qualquer coisinha que acontecesse era culpa minha? Afinal, o que eu tinha feito para ele me tirar da sala? O que eu fiz para merecer isso?
Saí da sala sem dizer mais nada. No corredor, comecei a correr. Queria ir para o dormitório, para a minha cama. Na verdade, queria mais é ir para longe, bem longe dali. Para um lugar onde não me chamassem de aberração, de monstro. Para um lugar onde eu fosse bem-vinda. Mas onde eu iria achar um lugar assim?
O que era aquilo nos meus olhos? Não, não poderiam ser lágrimas...Eu sabia que era assim. Era sempre assim. Os professores nunca brigariam com quem estava falando as mesmas coisas que eles pensavam. Eu não tinha motivo para me importar com...Ah, quem eu estava querendo enganar? Eu estava chorando sim! Eu sempre digo que não ligo, que não me importo, mas no fundo, eu sei que é mentira. Mas o que eu posso fazer para mudar isso?

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Bubbles- parte 1

Meu nome é Tatiana.
Tenho 15 anos e estudo em um internato.
...
Desde que eu sou bem pequena, acontece uma coisa estranha. Não comigo, mas com aqueles que ficam próximos de mim. Não é algo que me incomoda. Mas esse fato fez com que meus "coleguinhas de escola" me tratassem de forma diferente.
Começou no meu primeiro dia de aula. Maternal, sabe. Primeiro , uma menina veio falar comigo. De repente, apareceram dois cortes no braço dela. Coisa leve, superficial. Mas estranho. E não foi só ela. Todos que chegavam perto de mim se machucavam de algum jeito ou diziam sentir algum tipo de dor. Os objetos de vidro que estão perto de mim quebram. Por causa disso, as pessoas se afastaram de mim. Virou um tipo de lenda da escola. No início, meus "colegas" pareciam sentir medo. Mas, quando entramos na 5ª série, isso mudou. Agora, eles não se importam mais se eu estou ouvindo ou não. Na verdade, eles começaram a falar essas coisas para mim. Me chamam de "aberração" ou de "monstro". Uma vez, eu ouvi algumas meninas apostando para ver quem chegava mais perto de mim.
A pergunta é: sou mesmo eu que faço isso? A resposta é simples: não. Eu não tenho nenhuma explicação lógica para isso. Mas existem muitas coisas que a lógica não explica. O fato é que, se eu estivesse mesmo fazendo alguma coisa, eu saberia. E usaria isso a meu favor. Mas eu não faço. Não sou especial, não tenho nenhum tipo de super-poder, ou coisa assim. Sou uma garota comum.
Vocês devem estar se perguntando o porquê de eu nunca ter contado isso para ninguém. Por dois simples motivos. Primeiro : eu não me importo. Que se danem eles. Segundo: não tenho para quem contar.Meus pais? Posso contar nos dedos de uma mão o número de vezes que eles vieram me ver. Os professores? Eles sabem o que acontece. E também tem medo. Minha carteira fica no canto mais afastado da sala. Sempre que os professores tem que me entregar alguma coisa, prova, bilhete, eles pedem paras alguém me entregar. Querem ficar o mais longe possível de mim.
Essa é a minha vida.