sábado, 28 de agosto de 2010

Minha melhor amiga- 2° dia- parte 5

Era tarde da noite. Qualquer um que pudesse estaria dormindo, ou preferiria estar.

O quarto estava em silêncio. A dona daquele quarto dormia em sono profundo. A outra entrou sem problemas. Era silenciosa, e podia passar despercebida. Mas não conseguiu.


"O que faz aqui a essa hora?"
"Nada em especial. Só vim dar um 'oi'."


A que entrou se sentou ao lado da que já estava lá. As duas falavam baixo, pois teriam problemas se alguém acordasse.

"Sabe, eu até fico feliz que tenha vindo. Isso aqui a noite é o maior tédio."
"Lá também. Mas, pelo menos, ela não vai gritar com você se acordar"
"Como você sabe? Eu nunca fiz algo assim, e nem quero fazer"
"Ela te trata bem, pelo menos"
"..."
"E a outra?"
"No quarto dela. E não, não tem como ela vir para cá."
"Nem pensei nisso. A situação dela é mais complicada."

As duas ficaram observando a que dormia.

"É incrível"
"Não sei que graça você vê nisso"
"Já imaginou como deve ser? Poder se desligar do mundo, descansar..."
"Poder descansar significa poder se cansar. Eu não sei você, mas eu não vejo graça em algo tão... limitante"
"E tem coisa mais limitante do que isso?" Ela apontou para a pulseira de metal que usava.
"Mas essa é a nossa única limitação"
"Mesmo que seja limitado, deve ser incrível. Acho que isso é que é liberdade."
"Tenho que discordar"

As duas não discutiram mais o assunto. Quando o sol deu sinais de que ia nascer, a invasora saiu pela janela. Da mesma forma que entrou, sem fazer um ruído. E a outra ficou apenas olhando.

Minha melhor amiga- 2° dia- parte 4

"Por que é que você tem que vir comigo, hein, Rani?"

Estava voltando para casa. De repente, eu percebo que Rani está me seguindo. Tem horas que eu não entendo essa garota...

"Eu estou cuidando para você não se perder."
"A sua casa fica do outro lado da cidade. Se você vier comigo, sabe-se lá quando é que você vai conseguir chegar em casa. Além disso, eu sou bem crescidinha. Não preciso de babá"
"Você é distraída e dessligada. Passou a tarde inteira com uma cara de que tinha sido abduzida. É melhor eu cuidar para ver se você chega em casa direitinho. Sua mãe mata a gente, se a gente deixar você se perder, sabia?"

Resolvi não contrariar. Não fazia sentido discutir com a Rani. Desse jeito, cheguei em casa perfeitamente segura e limpinha.

"Oi, mãe"
"Oi, mãe da Ariana!"
"Rani? O que você está fazendo aqui em uma hora dessas? Seu avô vai ficar preocupado!"
"Não precisa se preocupar. Eu já liguei para ele avisando que eu ia demorar. E eu precisava garantir que a Ariana iria conseguir chegar em casa"
"Como assim? Aconteceu alguma coisa?"
"O de sempre. A Ariana é tão distraída que so notou que eu estava seguindo ela quando a gente estava no meio do caminho"
"Filha! Tem que prestar mais atenção!"
"Tá"

Eu odeio quando elas me tratam como se eu fosse um bebê. Afinal, o que poderia acontecer? Não existem bandidos aqui, ou seja, eu estava segura. Além disso, eu faço esse caminho todos os dias, não iria me perder. O máximo que poderia acontecer era eu tropeçar e cair.

'Elas se preocupam com você'
'Eu sei... Mas elas não precisam exagerar... eu sei me cuidar'

Me despedi de Rani e fui para o meu quarto. Eu definitivamente precisava dormir.

Bubbles- parte 18a

"Está todo mundo bem??"

Onde é que a Clara estava com a cabeça?!?! Bem?! Como é que a gente poderia estar bem?! Nós acabamos de sofrer um acidente de carro no meio do nada!!


Para começar, nenhum de nós tem nem idade para dirigir!

"Nunca mais faça isso, Clara"
" 'Nunca mais faça isso'?? Nunca mais nem pense em algo assim!! Se é que você vai ter a chance de pensar de novo!!"
"Se acalma, Tatiana! Para começo de conversa, você nem se machucou!"
"Mas poderia!"
"Não, não poderia. Eu disse, tenho tudo sob controle."
"Na verdade, você disse que não sabia o que estava fazendo..."
"Eu sempre sei o que eu estou fazendo"
"Ah, sério?! Pois não parece!!!"
"Tatiana, não precisa gritar"
"Não precisa?! Então, por que a 'senhorita-sabe-tudo' não diz para a gente onde a gente está?! Ou então, por que ela não explica como a gente veio parar aqui?! Hein?"

Clara se afastou. Foi para o outro lado do carro (ou do que sobrou dele).
"Dá para você pensar um pouco?"
"Pensar? Você deveria dizer isso para ela."
"..."

Mário foi atrás dela. Mas por que é que eles estão agindo como se eu é que estivesse errada? O meu único erro foi concordar com essa maluquice...

...

Me sentei no chão. Não tenho a menor ideia de que lugar é esse. Olhei para os lados, mas não consegui ver nada. Mas, o que é que....?

Minha melhor amiga- 2° dia - parte 3

O sino bateu. Finalmente.

Não é por nada, mas é que eu odeio aula. Eu sei, não sou um bom exemplo para as criancinhas....

"E então, querem fazer o que?"

Fiz a pergunta de sempre para os meus amigos, e recebi as respostas de sempre. Depois, seguimos para o lugar de sempre. Eu estava com tanto sono no primeiro dia de aula, que eu acho que foi a primeira vez em séculos em que a gente não fez isso.

Então seguimos, nós quatro (ou oito, depende do ponto de vista) para aquela praça. Temos todos os tipos de lembranças naquele lugar.

'Você é tão sentimental'
'Eu sei'

"E então, né..."
"E então, né..."
"E então, né..."

"E então, né..."

Era tudo tão previsível. Mas, quase como se eu tivesse um pressentimento, eu desejei que essa tranquilidade pudesse durar. Eu gosto da vida calma e tranquila que eu levo.

Simplesmente fechei os olhos e aproveitei o momento...

domingo, 8 de agosto de 2010

Minha melhor amiga- 2° dia - parte 2

'Tá tudo bem mesmo?'
'É claro que sim... não foi nada...'

Fiquei muito feliz por ninguém poder ouvir isso. E por ninguém, eu quero dizer Rani. Ela é uma excelente amiga, mas se ouvisse isso, com certeza iria começar de novo com aquela história de que eu sou ingênua e boazinha...

" Oi, Arianazinha!"
"André!"

O André sabe que existe um monte de garotas doidas na nossa escola. O que ele não sabe é que são doidas por ele. Por isso, ele sempre tenta manter o máximo de proximidade comigo e com a Rani. Principalmente se tem outra garota por perto. Eu nunca entendi qual é exatamente o motivo disso. Acho que é porque ele é um garoto...

"E então... Como vai a vida?"
"Vai bem. E a sua?"
"Vai indo..."

"Ei, Ariana! Eu tiro os olhos de você por dois segundos e você já vai falar com um garoto?"
"Ranii!!"
"Que foi? Estraguei sua paquera? Olha, que ele já está olhando feio para a gente..."
"Ele?"

Me virei para ver de quem ela estava falando. Mas a resposta era óbvia. Era o Alan. Ele é primo da Rani (pelo menos eu acho. Uma vez eles me falaram algo assim, mas eu não me lembro direito), e desde que eu me lembro, ela adora essa história, de dizer que ele gosta de mim, e eu dele. Coisas da Rani...

"Oi, pessoal"
"Oi, Alan"
"Oi"
"Oi, seu chato"

"Como sempre, delicada, não é Rani?"
"Deixa que eu resolvo isso. Como sempre, delicada, não é Rani?"

Não pude deixar de rir (mesmo sabendo que a Rani vai brigar comigo depois).

Por algum motivo, Alan e Antônio (o prisioneiro dele) pareciam nunca se comunicar com pensamento ou com o mundo interior. Uma vez, eu perguntei o porquê disso, mas o Alan apenas me disse:

"Eu e o Antônio temos outra forma de comunicação..."

Eu perguntei o que isso significava, mas ele não me disse mais nada.

Talvez o dia de hoje seja menos cansativo, afinal...