quarta-feira, 28 de julho de 2010

Minha melhor amiga - 2° dia- parte 1

Aquele lugar... tão familiar e ao mesmo tempo tão desconhecido...

Eu não sei por que estou esperando por alguém, mas esse lugar...

Eu estou sozinha nesse lugar. Parece um campo aberto. Observo o pôr-do-sol. É um lugar lindo. Mas tenho medo do que pode acontecer quando anoitecer. Porque aqui não tem ninguém. Mas deveria ter? Eu não sei...

****

Acordei de um dos sonhos mais estranhos que eu já tive. E, nesse ranking estão incluídas a vez em que eu sonhei que era perseguida por uma torta gigante, e a outra em que eu sonhei que beijei 40 garotos no mesmo dia.

O estranho não foi a situação. É perfeitamente normal olhar o pôr-do-sol. Mas aquele sonho me deixou com uma sensação estranha...Foi tão real. E não é só isso: aquele lugar não era um lugar comum. Eu não consigo explicar...

"Já, acordada?"
"Hein?"

Olhei para o relógio. Eram cinco da manhã. Um recorde, para mim, acordar a essa hora. Faltava uma hora para a Rani vir me maltrat... digo, acordar. Esse tempo precioso poderia ser usado para eu dormir, mas... eu estou com medo de dormir.... de voltar para aquele lugar...

"O que fez acontecer esse milagre?"
"Tive um pesadelo"
"Que nem daquela vez, da torta?"
"Aquilo foi assustado, tá? Mas não foi assim, não foi pior..."
"O que pode ser pior do que uma torta de amora de 5 metros?"
"Há-há"

Ela começou a rir. Não entendi qual era a graça. Mas a risada dela é contagiosa, então comecei a rir também.

"É melhor a gente rir mais baixo, ou a sua mãe pode ouvir"
"Tem razão"

O que eu menos queria era que minha mãe viesse ver o que está acontecendo. Seria... desagradável.

"Mas conta, como foi o sonho?"
"Eu não consigo explicar direito... Eu estava em um campo aberto, vendo o pôr-do-sol, e... sei lá, eu estava com medo de que acontecesse alguma coisa quando anoitecesse..."
"Medo do escuro?"
"Não, era... sei lá.... e eu sentia que estava faltando alguma coisa. Eu estava procurando por alguém que não estava lá, mas eu sentia que deveria estar..."
"Estranho, não é? Hoje eu sonhei que estava vendo você dormindo..."
"Hahá... Priscila, eu falo enquanto durmo?"
"Que pergunta é essa, agora?"
"Sei lá... eu fiquei com essa dúvida, agora..."
"Acho que se você descer agora, você consegue abrir a porta para a sua amiga entrar. A sua mãe também já deve ter acordado"
"Mas ainda é cedo..."
"O mundo inteiro acorda antes de você, Ariana. Elas deixam para te acordar no limite do limite do tempo"
"Sério? Então vou supreendê-las. Vamos nos trocar e descer AGORA!"

Eu com certeza não iria perder a chance de jogar na cara delas que eu consigo acordar cedo. Me vesti o mais rápido possível e desci as escadas. Priscila tinha razão, cheguei a tempo de abrir a porta para Rani.

"Nossa, acho que eu ainda estou dormindo! Ariana, acordada!?"
"Viu, eu te disse! Eu consigo acordar sozinha!"
"Filha, nós todas sabemos que você não acorda... Hoje foi uma exceção, com certeza!"
"Mãe! Era para você me apoiar!"
"Mas a sua mãe está certa. Você passa mais tempo dormindo do que acordada"
"Hoje tá todo mundo contra mim, é?"

Nos sentamos para tomar o café. É impressionante o quanto se perde quanto se está dormindo. Mas eu não posso dizer isso para ninguém, caso contrário terei que acordar cedo para sempre.

"Bem, acho que agora podemos ir para a escola, não é? Acho que a gente finalmente vai chegar antes dos garotos"
"Ah, espera só um pouco... eu deixei meu material no quarto!"
"Nada é perfeito..."
"Já vou lá buscar..."
"Ela pega."

Minha mãe apontou para Priscila. Nem precisava, afinal quem mais ela chama de "ela" assim?

"Deixa, eu...."
"Eu vou pegar. Onde está?"
"Em... em cima da mesa..."

"Mãe!"
"O que foi?"
"Essa Ariana... como sempre, boazinha até com quem não precisa..."

Tudo bem, tudo bem... Já teve coisa pior.... Mas não deixa de ser desagradável.

"Aqui."
"Obrigada!"

Então, saímos de casa, em direção à escola. E o sono ainda me perseguia...

terça-feira, 27 de julho de 2010

Minha melhor amiga- 1° dia- parte 9

Desliguei o computador, de novo. Estava impressionada com isso: meses sem nem tocar nele e agora eu entrei duas vezes no mesmo dia...

"Priscila..."
"Hum?"
"Tô com sono.Me põe para dormir?"
"Eu? Por que eu?"
"Sei lá"
"Como se faz isso?"
"Brincadeira..."
"Ah, tá!"
"Mas a parte do sono é séria..."
"Você está sempre com sono"
"É, eu sei... Queria não precisar dormir, que nem você..."
"Acredite, você não iria querer algo assim se soubesse como é"
"É mesmo? Você acha?"
"Tenho certeza"

Resolvi me deitar. Afinal, eu ainda preciso dormir. Mas o pior é que, por mais que eu estivesse exausta, eu não conseguia descansar.
Eu tive um dia cheio. Mas, por incrível que pareça, foi só o primeiro dia de aula do ano...

domingo, 18 de julho de 2010

Minha melhor amiga- 1° dia - parte 8

"De: Renoisirp
Para: ANAira
Assunto: sem assunto

Então é isso? Segredo desvendado: ANAira escreve pouco porque prefere dormir!

Eu queria saber o que tem de tão legal em ficar dormindo... Sério, "ela" também dorme o tempo todo... er...

Eu vou bem, sim... O que eu estou fazendo? Além de escrever enlouquecidamente? hehe..
:P

Sobre as aulas "dela"... a situação é complicada...

Ah, só para vc saber, eu escrevo enquanto ela está domindo, assim, não tem problema, tá?

Eu me recuso a escrever qualquer outra coisa para vc até eu receber uma resposta decente ou R$1.000.000,00 ! O que vier primeiro!

Ren"

Não pude deixar de rir. Ren realmente é uma pessoa interessante. Ela nunca responde nada do que eu pergunto, só enrola... Eu preciso insistir, insistir, insistir e talvez eu tenha uma pista do que eu quero saber... Abri uma nova janela e digitei "Ponto de Vista". Queria ver o que ela queria dizer com " escrever enlouquecidamente"

"REJEIÇÃO

Ela não parou de chorar... A rejeição doeu mais do que qualquer coisa...
O certo seria eu ficar quieta... é o melhor para mim, me disseram... mas é complicado

"Fazer algo, não fazer nada... dizer, não dizer... deixar como estar, mudar... manter, fugir... de que adianta pensar?"

A solidão dói... Mas outras coisas também doem...

'E assim, nada se constrói' Por que?

As vozes se tornam uma: POR QUE??

Mais um dia, na escuridão da prisão...
por ReNoSiRP, de dentro da prisão. às 15h04min. 0 respostas..."

Como eu imaginei, ela estava exagerando...

Ela geralmente escreve assim. Parece apenas um monte de frases soltas, mas é assim que a história vai se construindo. E não é necessariamente igual para todos: cada um interpreta de um jeito. Às vezes, eu acho que ela nem pensa para escrever, simplesmente escreve, sem se preocupar com o sentido...

"Você recebeu uma nova mensagem de: Loony Moon"

Loony Moon? Faz tempo que não recebo nada dela... Resolvi ler...

"De:Loony Moon
Para:ANAira
Assunto: oi (de novo)

Oi ANA,

Pelo visto, você foi atingida pela epidemia de sono! Aqui na minha escola, tinha gente dormindo a aula toda e o intervalo todo também!

Pelo visto, melhor eu desistir de esperar resposta para os outros vinte mil e-mails que eu te enviei...

Bem, e como vai vc? Além de sonolenta, é claro...

Eu queria escrever mais, mas como você pode não ler esse também, eu espero e escrevo na próxima...

Bjs para vc e para a Priscila
Loony Moon"
"Agradece ela por mim!"
"Aaahh! De onde você veio?"
"Eu estava aqui o tempo todo, bobinha"
"Você é especialista na arte do teletransporte ou algo assim?"
"Não, eu já estava aqui"
"Sei, sei..."
Por que a Priscila tem que ficar aparecendo do nada? Eu odeio isso!

Comecei a digitar uma resposta...

"De:ANAira
Para: Loony Moon
Assunto: Re: oi (de novo)

Oi, Loony

Eu vou bem, e vc?

Desculpe pela demora, e pelos vinte mil e-mails não lidos (ainda. Um dia, eu lerei!)

Vou começar a ler, e responderei aos poucos....

Ah, aconteceu uma coisa muito estranha: a Priscila saiu do nada e já queria responder a mensagem! Eu acho que não vou mais conseguir dormir a noite sabendo que ela está acordada, ela aparece do nada onde eu estou!!

Bjs
ANAira"

"Eu não sou um tipo de monstro da noite ou algo assim, sou?"
"Priscila!"

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bubbles- parte 17

Aaaahh!!!! Eu quero sair daqui!!!!!!!



O que a Clara tem na cabeça?? Por que ela não pode simplesmente se matar sozinha, tem que envolver a gente nisso?? Tem a ver com aquele papo de "estamos juntos nessa" ? Eu juro, se eu sobreviver a essa, eu acabo com essa garota!!!!



O pior de tudo é que... eu senti de novo aquele frio... isso significa que...



***



"Sem você perceber? Tem certeza que quando você machucava os outros com a sua energy, você nem percebia que estava usando ela?"

"Tenho. Eu acho."

"Existe uma coisa chamada 'efeito reverso'. Sempre que você usa a energy, você recebe um... ah, não dá para explicar, não, Tati... É como se, como consequência, acontecesse algo com você... ah, não dá para explicar."

"Não entendi..."

"Você nunca sentiu... durante os treinamentos doidos, você nunca sentiu um frio? "

"Frio? Acho que já..."

" É isso. Esse é o efeito reverso. Como nesses treinamentos, a gente usa pouca energy, a gente só sente esse frio. Mas, se a gente usasse a energy de um jeito forte, se a gente usasse muita energy... provavelmente iríamos nos machucar."



***



Se eu estou sentindo o tal "efeito reverso", então significa que a minha energy... Não me atrevo a abrir os olhos...



Mas eu tive que abrir. Porque eu senti que o carro havia parado. Porque eu senti 'coisinhas' me atingindo. Porque eu ouvi quando tudo ficou em silêncio.

Eu estava com muito medo...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Bubbles- ?

Como eu vim parar aqui? Como as coisas foram ficar desse jeito?

Pela primeira vez na minha vida, eu só queria... sentar e chorar...

Mas agora não é hora para lágrimas... Eu tenho que... que fazer alguma coisa... é, fazer alguma coisa...


Por que tudo é tão difícil??

Minha melhor amiga- 1° dia- parte 7

Descemos as escadas. Olhei para Rani. Ela realmente parecia mal. O que é estranho, de certa forma. Ela é geralmente tão segura, tão auto-confiante...

"Você precisa de alguma coisa? É melhor a gente falar com o seu avô, talvez... Será que a gente liga para um médico? Não é melhor...?"
"Ariana, se acalma! Eu não tô morrendo, não! Eu só estou morrendo de sono e um pouquinho deprê, só isso!"
"Ah.. tá, certo, é que..."
"Meninas, aconteceu alguma coisa? Por que vocês desceram tão cedo?"

Era de se entender o espanto dele. Geralmente, quando eu venho, a gente sobe para o quarto dela e não desce mais...

"É que eu estou expulsando a Ariana..."
"Hhmmm"

Eu não acredito! Ela tampou a minha boca para eu não falar nada! Eu não sabia se tinha um ataque de riso ou se gritava...

Ela continuou tampando a minha boca até chegarmos à porta da casa.

"Não acredito que você fez isso, Rani, sua doida!"
"Desculpa, mas é que... eu não quero preocupar o vovô... Por isso, por favor, não fala nada sobre isso, tá? "
"Rani, tá acontecendo alguma coisa? Tem alguma coisa que eu possa fazer?"
"Não, Ariana. Tá tudo bem. É sério."
...

Bubbles- parte 16

Eu não sei o que eu tenho na cabeça.
...
Olhei para o volante. Se eu girar ele para a direita, o carro vai para... a direita? Ou...

Na próxima vez que eu tiver uma ideia genial, eu... não, eu simplesmente não vou ter outra ideia genial. Eu nem sei se eu vou viver para isso...

"Clara, tem certeza que sabe o que está fazendo?"
"É claro que sim. Por que eu não saberia?" Eu adoraria que isso fosse verdade.
"É porque a estrada ficou lá atrás..."
"Quem disse que eu queria pegar aquela estrada?"
"Admita, Clara. Você está perdida."
"A gente está no meio do nada!"
" Isso aqui não é o meio do nada!"
"Clara, há quanto tempo que você não saía daquele lugar?"
"Isso não tem nada a ver! Eu sei bem para onde..."
"Olha a estrada lá!"

Ele tinha razão. Tenho que virar. Certo. Mas como é que...? Sem pensar, pisei em um daqueles pedais. O carro respondeu rapidamente: estávamos em velocidade máxima indo para sabe-se lá onde...

O problema é que a velocidade só aumentava! Eu não tinha nem ideia de como parar essa coisa! Eu só ouvia alguns gritos dos outros dois, sem entender as palavras. Acho que, se a gente sair dessa, eles vão me matar...

Mas eu preciso de respostas. E se elas estão em algum lugar, não vai ser lá no laboratório. O problema é que eu não tenho a menor ideia de para onde ir, ou de como chegar lá.

E o carro não para! E isso, é o fim! Se eu não bater em nada, provavelmente a energy de algum de nós vai acabar quebrando a carro.

"CLARA,DESVIA!"

AAAAAHHHH!!!!!!!!!!!

sábado, 10 de julho de 2010

Bubbles- parte 15

Em todos esses anos em que eu conheço a Clara, essa foi a primeira vez que ela disse algo que parecia ser divertido. E também a primeira em que ela fez uma loucura.
...

"Vamos sair um pouco!"
"O que?"
"Clara, o que você quer dizer com isso?"
"A gente preciade uma folga de todo esse stress, não acham?"
"Sim,..."
"Mas quando você começou a achar isso?"
"Sei lá..."

Tudo bem, tudo bem... Tem alguma coisa errada aqui. A Clara nunca diz "sei lá". Ela sempre sabe.
Mas seria inútil tentar fazê-la explicar o que estava acontecendo. Além disso, ela acha que eu sou um mentiroso...
...

Ela pediu para irmos com ela. Alguma coisa dentro de mim me dizia que eu não deveria fazer isso, mas eu não posso dizer "não" para a Clara. Ela nos levou ate uma parte da casa qu eu nunca tinha visto (ou talvez seja melhor dizer que eu nunca tinha ido lá, pois como todas as paredes são transparentes, eu provavelmente já o vi).
Acho que o melhor jeito de descrever aquele ambiente é como um tipo de garagem. Lá dentro, havia uma espécie de veículo. Um carro, completamente transparente. Parecia feito de vidro, mas não era. Era o mesmo material com o qual tudo aqui é feito. Um desequilíbrio em nossa concentração, e ele poderia ser destruído, por mais leve que a energy estivesse.
Essa caracteristica desse material (eu realmente não consigo me lembrar do nome dele. Talvez a Clara saiba) sempre me fascinou. Não importa o que eu tente: madeira, ferro, fogo... nada "normal" pode destruir isso. Eu já tentei de várias formas ( não pergunte o motivo), mas não cosegui chegar nem perto de riscar as paredes. Mas, com energy, é quase como se as paredes fossem feitas de papel.

"Que carro é esse?"
"Você sabe, Tatiana"
"Mas... achei que a mestra tivesse saído com ele daquela vez. Como foi que...?"
"Eram dois carros"

Não gostei do olhar de Clara para o carro. Parecia que...

"Clara, você não está pensando em...?"
"Dirigir? E por que não?"
"Clara!"
"Tudo fica muito longe. É impensável ir a pé."
"Mas... nenhum de nós sabe dirigir, não é?"

Ela tinha razão. Nem mesmo a Clara, a mais velha, tem idade para dirigir. Além disso, nós vivemos isolados do mundo. Não acho que alguém aqui tenha frequentado a auto-escola.

O comportamento da Clara estava cada vez me assustando mais.