sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 4

Eu cheguei em casa suando. Meu avô não entendeu o porquê da minha corrida até em casa. Mas quando eu comecei a contar,o sorriso dele desapareceu.

Ele tentou me acalmar. Disse que talvez não fosse nada demais. Me disse que poderia ser apenas um mal-entendido. Mas eu podia ver que ele estava preocupado. Muito preocupado.

No final, ele me convenceu a visitar a Ariana e ver como ela estava. Eu também achei uma boa ideia. Se eu quero ajudar ela, eu preciso estar do lado dela.

Alguém bateu na porta. Era ela.

"Onde você estava?"
"Me desculpe. Eu não consegui te acompanhar."
Eu olhei bem para ela. Sabia que ela estava mentindo. Ela nem parecia ter tentado me acompanhar. Mas eu resolvi não insistir na pergunta.

" Eu vou sair. Você fica aqui."
" Você não quer que eu vá junto?"
"Você fica aqui!"
...

"Oi, tia! Eu vim ver a Ariana, queria saber se ela está bem"
"Ah, oi, Rani. Pode entrar. Ela está no quarto."

Fui para o quarto dela. Ela estava no computador, mas fechou a janela em que estava assim que eu entrei.
"Que milagre! Você, no computador"
"He he, pois é. Eu já ia desligar"
"Não precisa, não. Eu só vim ver se você estava bem"
"Eu melhorei, sim"
"..."
"..."
"Ariana, eu sei que eu já te disse isso hoje, mas você sabe que pode confiar em mim, não é?"
"Eu confio em você"
"Será que eu posso te fazer uma pergunta, então?"
"...Pode"
"O que você quis dizer com ' não sei onde ela está'?"
"Eu não sei... ela deve ter saído no meio da noite, eu não sei"
"Você já tentou usar o Mundo Interior? Eu sei que você não gosta, mas assim, pelo menos, você pode fazer ela voltar"
"Eu tentei. Mas ela também não estava lá. "

Isso era o que eu temia. Tá, não exatamente isso, mas eu tinha medo de que ela não tivesse como encontrar a prisioneira.

'Você está me ouvindo?'
'Sim'
' Eu quero que você diga uma coisa para o vovô'
'Ele está no telefone'
'O que? Com quem ele está falando?'
'...'
'Me responde!'
'Com o Alan'
' ?! '
'Eu... eu não deveria ter dito...'
'Deixa de drama! Me avisa quando ele sair'

Meu avo conversando com o Alan? Eles não tem nada para conversar, a não ser que.... não, o meu avô não está achando que a gente precisa da ajuda daquele... daquele cara!

"Rani? Está tudo bem? Você está com uma cara estranha"
"Me desculpa, Ariana. Eu.... Você não quer dormir lá em casa?"
"Dormir? Mas ainda nem é meio-dia!"
"Eu sei. Mas você poderia vir comigo lá para casa, e passar a tarde, e passar a noite. Que tal?"
"Bem, eu vou falar com a minha mãe"

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 3

"Nós precisamos conversar"

Foi dessa forma amigável que Alan veio falar comigo depois da aula. Ele e o "prisioneiro" dele estavam me olhando de uma forma estranha. Eu sabia sobre o que ele queria falar. Eu sabia que ele também tinha notado. E ele era a última pessoa do mundo com quem eu queria discutir esse assunto.

"Eu não tenho nada para falar com você!"
"Ah, você tem sim!"
"Não se mete nisso!!"


Eu simplesmente odeio quando ele se intromete na conversa. E ele parece saber disso, já que insiste em sempre fazê-lo.


"Gritar não vai adiantar nada, Rani. Você sabe o que está acontecendo com a sua amiga, e você sabe o que pode acontecer se a situação continuar assim. E você também sabe que não pode resolver isso sozinha. E você sabe que...."
"Cala a boca!!! Não vai acontecer nada! Eu não vou deixar acontecer nada de ruim com a Ariana!"


Quem ele pensa que é? Um tipo de super-herói, que se ele se meter nisso, vai ficar tudo bem?

"Encare os fatos. A prisioneira dela sumiu. E, pelo que eu conheço a Ariana, ela não deve ter ideia do que isso pode significar. Se continuar assim, ela pode acabar...."
"Eu sei disso!!!!! Não sei porque todo mundo insiste em ficar falando disso!"


Ninguém precisa me lembrar da gravidade disso. Eu não preciso ser lembrada, pois eu vi o que pode acontecer.

"Rani, você conhece bem essa situação. Mesmo que seja apenas um alarme falso, a gente tem que falar com ela. Ela precisa saber o risco que está correndo!"
"Não! Eu não vou deixar você dizer uma palavra sobre isso para ela!"
"Por que isso? Você prefere deixar que ela se machuque... ou pior do que isso,...."
"Não! Você acha que eu não sei o quanto você estava esperando por isso? Por uma oportunidade de falar mal dos meus pais outra vez?"
"Não tem nada a ver com isso. Eu também não quero que aconteça algo assim de novo..."

Agora ele me irritou. Ele sabe que isso é algo que ainda me machuca, mesmo que já tenha passado muito tempo. E ele nunca demonstrou ter se sentido mal pelo que aconteceu. Mesmo que ele também tenha sido responsável pelo "acidente" em que os meus pais morreram. Sim, ele também foi responsável pelo que aconteceu, mesmo que indiretamente. E agora ele quer me fazer acreditar que está com medo de que algo parecido aconteça de novo?

"Para com isso!! Para de tentar fazer chantagem emocional, e para de tentar me fazer parecer uma irreponsável! Eu já disse que eu sei o que está acontecendo, e eu já disse que eu não vou deixar nada de errado acontecer com a Ariana. Eu não preciso da sua ajuda, eu não preciso das suas dicas e eu não preciso de você! Por que você simplesmente não some da minha frente? Aliás, por que é que você não some da minha vida?"
"Está bem, Rani. Eu não vou fazer nada, mas é só por enquanto. Se eu notar que as coisas estão ficando piores, eu vou contar tudo para ela. E não importa se você vai me odiar pelo resto da vida."
"Eu já te odeio"
"Eu só gostaria que você pensasse um pouco no que você disse. Não se esqueça, eu sou o único aqui que realmente sabe como isso é. Você pode ter visto de perto, mas eu sou o único que sentiu como é."

Depois disso, os dois saíram.
"Eu não vou esquecer."

Olhei para o lado. Minha prisioneira estava lá. Há quanto tempo ela estava ouvindo a conversa?

'Me desculpe. Eu estava aqui o tempo todo, mas não foi nenhuma novidade'
'Como é?'
'É o que sempre acontece quando vocês dois conversam. Vocês sempre brigam, e sempre acabam abrindo feridas do passado.'

Olhei fixamente para ela. Isso é, do lado de fora.
Eu tinha consciência de estar de pé do lado de fora da escola. Sabia que não havia quase ninguém além de nós duas. Ariana se sentiu mal e voltou para casa mais cedo hoje. André já tinha ido para casa, também. Um cachorro estava andando perto da esquina. Muitos carros passavam. Estava calor, quase sem vento.

Mas, ao mesmo tempo, eu também estava em outro lugar. Lá, apenas eu e a prisioneira. Uma corrente de metal saía de dentro do meu pulso direito, e se estendia até a pulseira de metal no braço direito da prisioneira. Estava nevando, mas eu não sentia frio. Estava de noite, e não havia nenhuma estrela no céu. É o mundo interior.

"Tome cuidado com o que fala"
Eu não preciso me preocupar com o que falo aqui dentro. Porque eu não estou falando isso lá fora. E também não preciso me preocupar em andar para a direção em que, lá fora, fica a rua. Porque aqui a única coisa que tem nessa direção é uma prisioneira com medo.

"Me desculpe. Eu apenas..."
Outro olhar congelante na direção dela. Ela se abaixou. Agora a dor estava piorando.

Ela é minha prisioneira, o que significa que eu posso fazer qualquer coisa com ela. Ela tem que me obedecer. Se não o fizer por bem, eu posso usar outros meios, como esse. Sim, eu posso fazer ela sentir dor apenas olhando para ela.

Puxei a corrente que nos une para que ela chegasse mais perto.
"Você sabe o que está acontecendo com a Ariana, não sabe?"
"Eu..."

"Responda"
"Sim, eu ach..."
"Eu vou te perguntar só uma vez: você tem alguma coisa a ver com isso?"

"Eu.... me des... culpe"

Voltei ao "mundo real". Qualquer um que estivesse nos observando não iria notar nenhuma diferença. Apenas veria nós duas nos olhando, e só escutaria o que ela disse.

Comecei a tomar o caminho para casa. Quando vi, já estava correndo. Eu precisava ver meu avó logo. Nem olhei para trás para ver se ela estava me seguindo. Ela teria que vir comigo, querendo ou não. Mas isso já não tinha nenhuma importância.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bubbles- parte 19b

Até que ponto uma pessoa pode conseguir estragar tudo de um jeito que não tem volta???



Clara pegou o carro e nos trouxe até aqui. O problema é que não era para nós pararmos exatamente aqui. Mas alguns problemas técnicos com o carro, tivemos que parar aqui. Isso deixou Clara desesperada. Mas ela tentou parecer forte, e isso irritou a Tatiana.



Depois disso, Clara saiu correndo e eu a segui. E então....



"Ela não queria dizer aqueles coisas daquele jeito. Ela só... tá nervosa"

"É tudo culpa minha. Eu.... eu não sei o que deu em mim. Eu não aguentava mais continuar no laboratório!"

"Laboratório?"
"Eu não sabia mais o que fazer. Eu não sei mais o que fazer! Eu não consigo fazer nada sozinha... mais uma vez, eu sou um completo fracasso"

"Você não é um fracasso.... não para mim..."



E aí eu fiz a maior bobagem da minha vida. Sim, eu beijei ela. Por que isso foi uma bobagem? Porque logo depois....



"Mário, o que você pensa que... o que foi isso?"

"Eu.... eu te amo!"

"Você o que? Para com isso, por favor!"



Acha que isso é tudo? E se eu disesse que "certa pessoa" também viu isso?

Resultado: agora a Clara não fala mais comigo. E a Tatiana nem quer olhar na minha cara.

....
Pelo menos,depois dessa confusão nós tivemos uma boa notícia. O lugar no meio do nada onde nós estávamos não era exatamente no meio do nada. Nós paramos relativamente perto de um parque de diversões. Mas não era um paque de diversões qualquer, apesar de parecer. Esse é um lugar onde muita coisa aconteceu.

Clara disse que os brinquedos estavam em boas condições e que poderiam ser ligados. Então eu sugeri que nós reativássemos o lugar. Eu realmente fiquei entusiasmado com a ideia.

Então, eu e a Clara cuidamos dos brinquedos e a Tatiana vende entradas. Já estamos há um mês aqui e isso aqui tá se tornando razoavelmente popular (se você considerar que estamos longe de qualquer coisa e que só podemos ligar no máximo 3 brinquedos ao mesmo tempo.)

Mas eu estou gostando disso. Esse lugar me traz lebranças muito boas.

Minha melhor amiga- Complicação- parte 2

Eu por acaso já disse alguma vez o quanto eu odeio o Alan???? Eu estou falando sério, esse garoto consegue me tirar do serio!!!

Nós convivemos um com o outro há muito tempo. Pelo que eu me lembro, ele não costumava ser tão irritante assim quando éramos crianças...

'Sua memória precisa ser melhorada'
'Quando foi que eu pedi sua opinão?'

Bem, o motivo por eu me lembrar de que eu o odeio é bem simples.

......

"E então, Ariana, cadê a Priscila?"
" Bem..."

"E quem é liga para isso, hein? Vamos, Ariana, vamos para a sala!"

Eu notei que a pergunta a abalou um pouco.

Eu não sou burra. Eu já tinha notado que a "coiso" não estava com ela. Sim, eu já tinha pensado que isso tinnha a ver com seja lá o que está acontecendo.

'Assim como daquela....'
'EU SEI DISSO TAMBÉM!!!!!'

Ela adora me lembrar disso. Como se eu já não fosse obrigada a encarar a realidade todos os dias.

Mas o caso da Ariana é diferente. Tem que ser diferente. Ela é diferente. Ela e a prisioneira são quase como... amigas. Por mais que isso seja estranho, é a verdade. De todas as pessoas do mundo, a Ariana é a última com quem isso poderia acontecer...

Nós duas caminhamos em silêncio.
"Eu não sei"
"Hein?"
"A resposta para a pergunta dele. Eu não sei"
"Como assim, não sabe?"
"Eu simplesmente não sei!"

Ela parecia realmente nervosa.
"Não precisa se preocupar tanto assim com isso"

Mas, na verdade, esse era um motivo para grandes preocupações.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Bubbles- parte 19

Vamos deixar uma coisa bem clara aqui: eu nunca tive amigos na minha vida, não tenho a menor ideia de como falar com as pessoas e sou completamente anti-social. Passei a maior parte da minha vida em um internato. É fato, é simples e não tem nada demais nisso. As pessoas que estão comigo nesse exato momento estão cansadas de saber. Então, POR QUE É QUE EU TENHO QUE FAZER ISSO???????

"Serão quantas entradas, senhora?"
"Uma inteira e duas meias, por favor"
"Aqui estão. Divirtam-se!"

Você com certeza está se perguntando como é que eu vim parar na entrada de um parque de diversões no meio do nada, e por que eu estou vendendo entradas, ou talvez.... onde foram parar aqueles dois que deveriam ser os responsáveis por mim nesse lugar estranho e sombrio. Bem, a resposta para cada uma dessas perguntas é uma história muito engraçada, que começou há mais ou menos um mês....

Nós saímos da "casa de vidro" em um carro comandado pela motorista mais doida que existe: uma garota de 16 anos com nada na cabeça chamada Clara. O nosso carro "bateu" (só não me pergunte no quê, já que aqui não tem nada para se bater) e nós ficamos sem ter como sair daqui (uma caminhada de quilômetros quando não se trouxe nem uma garrafinha de água não é uma boa ideia). A Clara voltou ao seu normal como se nada tivesse acontecido e logo depois teve uma crise de choro no outro lado do carro, achando que ninguém ia ver (nosso carro era tranparente). Depois, o Mário foi lá consolar a pobrezinha e eu de alguma forma virei a vilã da história só porque não fiquei com peninha da dona Sabe-tudo que, aliás, é a culpada por tudo isso, só para começo de conversa.

Enquanto os dois tinham seu momento romântico do outro lado do carro (mais uma vez, como se ninguém pudesse ver), eu consegui ver a forma de alguma coisa lá longe. Depois que a troca de saliva deles acabou, a Clara, misteriosamente recuperada, falou que a gente deveria ir até lá. E tudo que a Clara fala, a gente obedece (afinal, ninguém aprendeu nada com a última vez). Só que ela também falou para a gente levar o carro até lá... Se você nunca caminhou quilômetros arrastando um carro quebrado feito de um material estranho, você não faz ideia de como é.

Eu estava muito ocupada com meus planos de como me livrar daquele casalzinho insuportável quando chegássemos a seja lá onde para notar que já havíamos chegado. A má notícia é que aquele lugar já devia estar abandonado há séculos. E ganha um pacote de bolhas de sabão quem descobrir o que era esse lugar.

Por algum motivo, meus "companheiros" entraram em transe quando reconheceram o lugar. Para mim, parecia apenas um cenário de filme de terror. Mas para os pombinhos, esse lugar parecia o paraíso na Terra.

Depois disso, as coisas passaram muito rápido: Clara disse que todos os euipamentos estavam em boas condições, "alguém" deu a ideia de reativarmos o lugar e voltamos ao começo.

Por incrível que pareça, o lugar está sempre cheio de pessoas que chegam aqui... de algum jeito. Eu já pensei em perguntar se a cidade fica perto, em pedir carona até lá ou até em entrar no porta malas de algum carro. Sim, eu quero sair daqui, e o mais rápido possível. Não, não pretendo dizer isso a ninguém. De qualquer forma, um parque de diversões pode ser um negócio bem romântico. Eu fico apenas segurando vela para eles aqui. Mas quando eu penso em voltar ao "mundo real"... que tipo de coisa eu iria fazer? Não é como se eu soubesse onde moram meus pais (se é que eles são mesmo quem dizem ser). Eu iria estar sozinha...

"Olá! Serão quantas entradas?"