sábado, 27 de fevereiro de 2010

Minha melhor amiga- 1° dia- parte 4

Voltei para casa. Eu estou mil vezes mais cansada do que quando acordei.
Resolvi me deitar e tentar dormir um pouco. Não consegui. Fiquei apenas rolando de um lado para o outro na cama.
...
Quando eu começo a não conseguir fazer nada direito, só tem uma solução: fazer algo que não exija esforço. Para mim, isso só pode significar uma coisa: computador.

Eu não sou daquelas pessoas que não viveriam sem computador, ou que acham que não existia mundo antes da internet. Mas isso não significa que eu não posso mexer nem um pouquinho, não é?

Minhas atividades no mundo virtual se resumem a um pequeno blog que eu tenho. Não digo pequeno no número de leitores(são mais de mil), mas no número de postagens. Eu nunca fiz nenhum tipo de divulgação. Nem mesmo para meus amigos eu contei. Mas mesmo assim, cada vez mais gente começou a ler. Muitos desistiram por causa da minha demora para atualizar ou para escrever mais. Mas muitos continuaram a ler. Toda vez que eu me sinto inútil, eu entro nele e escrevo alguma coisa.
Depois de um tempo, eu também comecei a ler outros blogs e sites. Como eu entro muito pouco na internet, cada vez que eu entro tem bilhões de coisas para eu ler, entre postagens, comentários e e-mails de meus "amigos virtuais". Felizmente, eles ja sabem sobre a minha demora para ler as coisas, e não ficam bravos ou chateados com isso.

Fiz uma postagem no blog falando um pouco sobre o primeiro dia de aula e sobre o meu cansaço. Logo depois, abri a minha caixa de entrada.

Bem-vindo(a), ANAira
"Você tem uma nova mensagem de: Renosirp"
"Você tem 25 novas mensgens de: Escritor Mascarado"
" Você tem 3 novas mensagens de: 02FofA20"
"Você tem 26.321 novas mensagens de remetentes variados"


Só de ver todos aqueles números na tela, já me assustei. Resolvi começar a ler pela mesagem da Renosirp.

Conheci o blog dela por recomendação de amigos. Ela escreve uma história sobre um amor adolescente, mas com algo de diferente: todos os acontecimentos são contados pelo ponto de vista da prisioneira da personagem principal.
Depois de muito tempo acompanhando o blog dela (e ela acompanhando o meu), nós trocamos e-mail e começamos a nos corresponder pelo computador.

"De:Renosirp
Para:ANAira
Assunto:Saudades
Oi, ANA
Mas você não entra nunca, hein? Até eu, que não deveria estar mexendo nesse troço aqui, entro mais do que você. =)

Brincadeira. Eu já entendi os seus motivos para não entrar. Mas então você podia, pelo menos, escrever mensagens mais longas. Você não tem que se esconder para digitar algumas palavras, não é? Entao deixa de ser preguiçosa e mexe esses dedos, tá?

Desculpa por ter sido tão direta. Mas é que eu estou morrendo de "saudade". Me escreva assim que puder, tá? (Não vou fica enchendo você e sua caixa de mensagens implorando pela sua atenção de novo, como daquela vez!)
Bjs
Renosirp
"

Depois de alguns meses nos correspondendo, Renosirp e eu nos tornamos muito amigas. Até que, um dia,ela me enviou uma mensagem me falando quem ela é na vida real. Ela é uma prisioneira de verdade.

Comecei a escrever uma resposta para ela.

"De:ANAira
Para:Renosirp
Assunto: Como você pediu...
Oi, Ren
Já que você pediu, vou escrever bastante.
Mas antes, deixa eu me explicar: eu sempre escrevi pouco porque achei que se você perdesse tempo lendo mensagens enooormes, você poderia ter problemas. Não perderei mais meu tempo pensando no que pode acontecer se você for pega.

Comigo está tudo bem, obrigada por perguntar. Não sei se pode existir pessoa mais educada no mundo do que você. Você por acaso fez alguma aula de etiqueta ou algo assim?
Brincadeira, já me acostumei com o seu jeito. Sei que você é assim por natureza, então não tem jeito. Não adianta nem eu tentar te ensinar alguma coisa.
Minhas aulas acabaram... de começar. E para piorar, eu acordei morrendo de sono. Bem,mas eu acho que esse tipo de coisa nem deve te interessar muito.
E você,como está? Tudo bem? As aulas dela já começaram?
O que você anda fazendo?
Ainda não li as postagens mais novas no seu blog. Assim que eu puder ler, eu deixo algum comentário. Tenho certeza de que deve estar ótima.
Eu imaginei mais um monte de coisas para te falar, mas eu estou quase dormindo em cima do teclado. Depois eu te escrevo outra mensagem.
Desculpa pela mensagem não ter sido muito comprida. Prometo que a próxima será maior.
ANAira
"

Desliguei o computador. Minha mãe chegou em casa
.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Bubbles- parte 12a

Em apenas alguns segundos, toda a minha noção de mundo, que já tinha sido fragilizada antes, agora tinha desabado de vez. Eu mal consegui dormir. Em parte, por causa dos gritos que também puderam ser ouvidos essa noite. E, por outro lado, porque nada mais faz sentido para mim. Eu não sei mais o que devo fazer. Não sei mesmo.
...
Estou sozinha no quarto. Não sei onde os outros estão agora. Não seria difícil descobrir. Como quase tudo aqui é transparente, eu só precisaria dar uma olhada para os lados e para baixo. Mas eu não quero fazer isso. Eu não quero falar com ninguém. Eu só quero ficar aqui, sozinha...

Por que tem que ser assim?


Comecei a pensar na atitude de Samira. Talvez ela estivesse certa em ir embora desse lugar.
Abri o armário e peguei as minhas coisas. A maior parte delas ainda estava dentro da mala que eu trouxe. Coloquei tudo em 'minha' cama e comecei a olhar. O que eu estava procurando estava bem no fudo da mala: meu uniforme escolar.
Fiquei olhando por um tempão para aquela roupa. Há menos de um ano atrás, eu vestia aquilo todos os dias. A minha vida era muito diferente. Não havia energy, nem segredos, nem mentiras. Não sei se eu posso chamar o estado em que eu estava de "felicidade", mas não era exatamente "infelicidade". "Infelicidade" é o que eu estou sentindo agora.
De certa forma, eu posso dizer que estava bem. É claro, eu não tinha muitas coisas. mas elas não me faziam falta. Família, amigos, amor... eu não esperava encontrar nada disso. Era como se nada disso existisse. mas quando eu vim para cá... é como se eu tivesse aberto uma porta que sempre esteve trancada em mim. Quando eu soube... que existiam outros como eu, eu comecei a ter esperanças. Achei que eu poderia fazer parte de algo. Mas não foi o que aconteceu.

Tirei todas as coisas da mala. Não eram muitas. Roupas que meus pais pediram para entregarem para mim e que foram escolhidas, provavelmente, por chute.
Olhar para tudo aquilo me fez pensar muito. Tantas coisas que eu nunca fiz... Acho que eu também devo ir embora. Eu não quero passar o resto da minha vida aqui. Mas, ao mesmo tempo... para onde eu devo ir? Não sei onde estou, não sei onde os meus pais moram... Não sei nem se eles me aceitariam se eu voltasse. A facilidade com que eles foram enganados...

Eu simplesmente não sei o que fazer!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Minha melhor amiga- 1° dia - parte 3

Cheguei na sala. Estava exausta de tanto correr. Apesar de não parecer, a Rani também é excelente atleta. Aliás, não sei se já disse, mas Rani é boa em tudo o que faz.

...

Como eu imaginei, cheguei tarde. Ela já estava lá, gritando com a prisioneira dela.


"O que é que você estava pensando, hein?"
"Eu sinto muito, eu não..."
"CALA A BOCA!"

Geralmente, Rani é uma pessoa calma e equilibrada, mas ela também tem um outro lado. Um lado que me assusta.


"Você não consegue ouvir o que eu te digo, não?"
"Eu realmente não..."
"Eu já te disse para calar a boca! Você já vem aqui comigo todos os dias já faz quase dez anos! Já deveria saber qual é o seu lugar!"
"Eu..."

Ela parou de falar de repente, como se tivesse alguém a impedindo de falar. E tinha.

"O que aconteceu?"
"Ela foi para o corredor para ver que horas eram no relógio de lá. Ela não queria fazer nada de errado"
Aquilo não foi surpreendente. Nessas horas, qualquer coisa pode deixar a Rani muito irritada.


"Sabe, eu nem sei como eu te aguento! Você não faz nada direito! Nada! Você faz isso de propósito ou é incapaz de fazer alguma coisa? Porque, se esse for o caso, é bom eu saber, para poder falar o que você tem que fazer com palavras bem fáceis. Você tá me ouvindo?"

A prisioneira estava com a cabeça voltada para baixo. Deu para ver uma pequena lágrima surgindo. Ela provavelmente estava tentando esconder isso, mas sabia que não ia conseguir.

"O que foi? Ficou tristinha, é? Então, da próxima vez, faça o que eu mando!"

Rani virou para trás e me viu.
"Ah, Ariana! Não sabia que você estava aí"
"Não acha que exagerou um pouco?"
"Ariana, Ariana... você realmente é muito ingênua, não é? Não se preocupe com coisinhas tão bobas!"
O tom de voz dela e o jeito de falar mudaram. Conhecendo há tanto tempo, eu já estava acostumada com esse jeito dela. Mas não deixava de me assustar.

Bubbles- parte 11

"Mário, eu preciso falar com você"
...
Tatiana entrou no meu quarto e disse isso. Ela não estava simplesmente querendo falar comigo. Ela precisava falar comigo. Pela expressão dela, eu já sabia do que se tratava. Dessa vez, ela não iria aceitar qualquer resposta, e não iria me deixar fugir do assunto. Desde que Samira foi embora, várias vezes ela tentou me perguntar sobre isso, e em todas elas eu dei um jeito de não responder. Mas agora não seria assim.

"Eu já te disse que não é nada"
"Eu sei que tem alguma coisa!"
"Não é nada"
"Olha, se formos ficar aqui por muito tempo, e vocês pretendem ficar, é melhor nó termos confiança um no outro. Se isso não existir, eu não sei o que eu estou fazendo aqui!"

Não tinha outro jeito. Ela iria me pressionar até conseguir o que queria. Está bem. Se é o que ela quer, então é o que ela vai ter. A verdade.

"Tatiana, você por acaso já teve problemas no controle de sua energy?"
"É claro que sim. E ainda tenho..."
"Eu quis dizer problemas de verdade. Tatiana, você já machucou alguém?"
"Já, já sim."
"Já matou alguém?"
"O que?"
"Ficou surpresa?"
"..."
"É isso! Essa é a verdade! Satisfeita?"

A reação dela foi exatamente como eu imaginei. Mas eu não imaginei que ficaria me sentindo assim depois de dizer aquilo. Aquela era a segunda vez que eu falava sobre isso com alguém.

Eu sei que eu não cheguei exatamente a contar para ela o que aconteceu. O que eu disse não era a história inteira, não chegava nem perto de ser a história inteira. Mas contar tudo só iria piorar as coisas.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Bubbles- parte 11

Em apenas alguns segundos, toda a minha noção de mundo, que já tinha sido fragilizada antes, agora tinha desabadode vez. Eu mal consegui dormir. Em parte, por causa dos gritos que também puderam ser ouvidos essa noite. E, por outro lado, porque nada mais faz sentido para mim. Eu não sei mais o que devo fazer. Não sei mesmo.

...

Samira foi embora. Ela não quis ouvir ninguém. Ela já estava querendo isso faz tempo, e de certa forma dá para entender o motivo. Ela queria sair o mais rápido possível desse ambiente falso. De certa forma, era o que eu queria também. Mas eu não sei se é o certo.

Os dias passaram normalmente. Ou quase. Agora, éramos só nós três: eu, Clara e Mário. O pior é que eles agiam como se nada tivesse acontecido. Depois do impacto inicial com aquilo, ninguém mais tocou no assunto. Claro, o clima lá ficou pesado, mas tirando isso, nada...

Até que eu me cansei daquilo. Não dava mais para eu viver naquele ambiente. Algumas coisas precisavam ser esclarecidas.

Fui falar com Mário. Eu não sabia exatamente o que dizer. Não tinha ideia. Mas eu iria fazer ele me contar o que estava acontecendo.

...

"Tatiana, você por acaso já teve problemas no controle de sua energy?"
"É claro que sim. E ainda tenho..."
"Eu quis dizer problemas de verdade. Tatiana, você já machucou alguém?"
"Já, já sim."
"Já matou alguém?"
...

Minha melhor amiga- 1° dia - parte 2

Cheguei na escola com tanto sono que eu poderia ter desmaiado. Falo sério.



Encontrei dois amigos meus: Alan e André. As meninas costumam dizer que eu sou muito sortuda porque eu ando bastante com o André. Isso porque a maior parte delas é doida por ele (e ele nem nota), assim como muitos meninos são doidos pela Rani.

...

O primeiro dia de aula do ano foi como todos os primeiros dias de aula do ano. Professores novos se apresentando e tentando, ao mesmo tempo, nos dar uma boa primeira impressão e deixar claro quem é que manda. Não sei porque eu imaginei que poderia ser diferente.
Nada acontece, nada...


Eu estava quase dormindo quando vi um mínimo sinal de vida ao meu lado. Rani fez um olhar que eu reconheci muito bem. Para quem não a conhece, parece um olhar de leve nervosismo. Mas eu a conheço desde pequena, e sei que ela é muito controlada. Quando ela dá um mínimo sinal de suas emoções, é porque elas já estão em um nível extremo. E ela estava muito, muito brava.
...
Na hora da saída, ela foi a primeira a sair da sala. Saiu correndo, e eu já sabia para onde ela estava indo. A sala onde os prisioneiros dos alunos ficam enquanto estamos tendo aula. Essa sala só existe para evitar colas usando o "mundo interior" ( não funciona 100%, já que o pessoal sempre dá um jeitinho).

Corri atrás dela. Eu sabia que não iria adiantar muito, mas eu precisava tentar, não é? De qualquer forma, eu não conseguiria dormir direito se não fizesse isso.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Buddy Poke dos personagens de Bubbles


Tatiana


Tatiana

Tatiana

Clara




Clara


Mário



Samira







Samira

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Bubbles- parte 10d

"Vim aqui para dar uma terrível notícia"



O homem entrou aqui sem a menor dificuldade. Isso porque, por algum motivo estranho e desconhecido, ele tem a chave.


"A mestra de vocês não vai voltar"
"Por que não?"
"Ela sofreu um terrível acidente de carro"
"E.. nesse acidente..."
"Infelizmente, ela faleceu"
"O que?"
"O que?"
"O que?"
"Eu sinto muito"


Depois disso, ele simplesmente se levantou e foi embora. Não disse mais nada, não explicou nada.
...

A notícia nos pegou de surpresa. Ninguém esperava que isso algum dia pudesse acontecer, ainda mais dessa forma.

Olhei para as meninas. Clara estava chorando. Tatiana não tinha chegado a isso, mas dava para notar que ela estava muito mal também. E eu...



Quando eu vim para cá, ainda era uma criança. Eu tinha acabado de perder a pessoa mais importante para mim, e não sabia o que fazer. Agora, mais uma vez eu estou me sentindo como naquela época.
...

Resolvemos subir para nossos quartos. As meninas para o delas e eu para o meu. Pensei em dizer alguma coisa para Clara, mas... o que? Não tem o que ser dito numa situação dessa. E eu estou tão desoriantado quanto ela. Por isso, em vez de ir para lá falar com ela, eu preferi sentar na minha cama e ficar pensando...

Fiquei olhando para o quarto delas... alguma coisa estranha estava acontecendo... Samira abriu o armário e tirou de lá todas as coisas dela e guardou em uma sacola... a mesma onde ela trouxe as poucas coisas que ela tinha quando veio para cá.

Eu me lembro muito bem de quando ela veio. Não faz tanto tempo assim, foi há apenas três anos atrás. Ela não tinha família e morava na rua, assim como eu antes de vir para cá. Mas ela tinha um controle excepcional de sua energy. Aparentemente, ela chegava até mesmo a usar a energy para conseguir o que queria. Ela sempre deixou bem claro que não gosta daqui. Ela sempre falava como se fosse sair assim que pudesse. Mas ela não iria embora em uma situação dessas, iria...?
Ela e Clara começaram a discutir. Apesar de eu estar vendo tudo perfeitamente, não consigo ouvir quase nada.

Samira saiu do quarto segurando a sacola. Clara sai logo em seguida.

"Você não pode fazer isso!"
"Quero ver você me impedir!"
"O que está acontecendo?"
"A srta. Perfeição, sua namorada, não quer que eu vá embora, porque ela é muito boazinha e gracinha. E a 'gartota nova' está entrando na dela, quando na verdade está doida para se mandar, só não tem coragem!!"
"Samira, você está exagerando!"
Então a Tatiana também se meteu na briga?
"Acontece que eu cansei daqui, cansei de vocês e cansei de todo esse fingimento!!! TCHAU!"

Assim, Samira foi embora do "...".

Bubbles- parte 10c

"Ela sofreu um terrível acidente de carro"

Aquele homem entrou assim, sem mais nem menos, na nossa casa e disse isso. por algum motivo, ele parecia saber tudo sobre nós. De acordo com ele, a mestra... ela...

Não dá para acreditar que isso aconteceu. Não dá. Mas aconteceu.

Antes de eu vir para cá, eu estava em um buraco negro. Nada dava certo, e eu não me encaixava em lugar nenhum. Não. Era pior do que isso. Quando eu vim para cá, foi a primeira vez que eu me senti parte de algo. Foi a primeira vez que eu tive um lar. Eu devo tudo isso a mestra. Isso simplesmente não pode ter acontecido...

Do mesmo jeito que ele veio, ele foi. O homem simplesmente saiu. Soltou aquela bomba na gente e nem ficou para ver o resultado. O pior de tudo foi que muitas perguntas sem respostas: onde aconteceu esse acidente que tirou a vida dela? Como ele ficou sabendo do acidente? Como ele sabia onde nos encontrar? Por que ele tinha a chave? O que vai acontecer com a gente?

Infelizmente, acho que essa última pergunta ninguém pode responder.