terça-feira, 25 de outubro de 2011

Minha melhor amiga- Espionagem- parte 2

"Tudo bem. Eu vim até aqui com você. Agora diga o que tem para dizer de uma vez!"
Agora o mundo parece ter voltado ao normal. Rani discutindo com Alan.

"Elas sabem. Priscila... e Inha. Elas sabem como romper a corrente."

Eu devo ser a pior espi.... pessoa-não-muito-curiosa-querendo-ouvir-o-que-dois-amigos-tem-a-dizer-um-para-o-outro-em-segredo-sem-eles-descobrirem do mundo. Isso porque, ao ouvir o nome de Priscila, eu não consegui me controlar e acabei falando alto demais.

"O que?"

Os dois olharam para a janela onde eu estava escond...... onde eu estava.

"Ariana.... o que você está...?"
"Ariana? Que educação a minha.... Entre, por favor. Você sabe onde fica a porta não é? Não tem problema. Entre pela janela mesmo, por favor. A propósito, nós não deveríamos estar na escola?"
A reação de Alan me deixou completamente sem palavras. Ele agiu como se eu estivesse lá a convite dele, e não esc.... ahn, atrás de uma planta casualmente observando a conversa dele pela janela. Ele simplesmente abriu a janela e me puxou para dentro da sala.

"Alan, o que você pensa que está...?"
"Eu estou fazendo isso pelo bem de todos, irmãzinha. Isso vai nos poupar de muitas discussões inúteis que só nos fariam perder tempo."
"Não me chama de 'irmãzinha'!! Ninguém te deu autorização para me chamar assim!!!"
"Ahn... oi"
Rani parecia a ponto de matar o Alan, ou de fazer algo bem pior. Ele falava como se estivéssemos em uma festa do chá. E eu estava sem saber o que fazer.
...

"Bem, Ariana, então você estava nos espionando?"
"Não... eu só estava.... observando casualmente..."
"Por que você veio até aqui, Ariana? O quanto você ouviu?"
"Eu...ouvi tudo o que vocês falaram depois de chegar aqui"
"E ainda diz que não estava espionando?!?!"
"Mas foi tão pouquinho.... Além disso, eu nem entendi nada..."

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Minha melhor amiga- Espionagem- parte 1

Em primeiro lugar, eu quero deixar bem claro que eu não sou uma pessoa (muito) curiosa.

....


Eu acordei assustada naquele dia. Tudo parecia normal, mas faltava algo. Ela.

Eu sempre considerei Priscila uma grande amiga. Ela é como uma irmã que eu nunca tive. Por isso, você pode imaginar como eu me senti quando acordei e ela não estava lá. Eu tentei chamá-la, procurá-la no Mundo Interior... mas nada adiantou.
Eu fiquei muito, muito preocupada com ela. Com o que poderia ter acontecido. E, para piorar tudo, eu ainda estava com uma dor de cabeça que não parava.

Na escola, a pergunta de Alan me fez me sentir ainda pior. Se alguma coisa tivesse acontecido com minha amiga, seria tudo minha culpa. Não aguentei e tive que ir para casa mais cedo.

Em casa, de tarde, eu liguei o computador. Minha cabeça já não doía tanto. Eu tive vontade de escrever para alguém, de pedir ajuda para minhas amigas virtuais...... provavelmente Renosirp poderia me dizer o que fazer em uma situação dessas. Mas eu não podia fazer isso. Eu me sentia envergonhada por ter deixado isso acontecer. Uma inútil, irresponsável.

Eu ia desligar o computador quando Rani chegou. E então, do nada, ela me chamou para passar o dia na casa dela.

Como eu disse, eu não sou curiosa. Mas o que aconteceu durante a noite foi algo que eu não podia ignorar.

Eu acordei mais cedo do que a Rani (sim, é um milagre). E então eu olhei para ela. Havia alguma coisa errada.

Minha amiga ainda estava dormindo. Mas a expressão dela estava tão alterada. Parecia até que ela estava passando mal. E aquilo nos olhos dela..... eram lágrimas?
....
Nós duas fomos para a escola juntas, como sempre. Ela estava muito calada. Tive vontade de perguntar se ela estava bem, mas... tive medo de só incomodá-la. Se ela quisesse me contar o que era, ela faria isso.

Deixei minhas coisas na sala e voltei para o pátio. E vocês não imaginam o que eu vi: do outro lado do pátio, conversando tranquilamente, estavam Rani e Alan. Só os dois.
Acontece que.... bem, eu não me lembro quando foi a última vez que eu vi algo assim. Se eu ou o André não estamos por perto, os dois sempre acabam brigando. Então, ninguém pode me culpar por querer saber qual era o motivo disso.
Mas, quando eu estava perto o suficiente para ouvi-los (e eles não pareciam me ver), percebi que eles pareciam muito preocupados. Então, mais uma vez, ninguém pode me culpar por ter seguido eles. Mesmo quando eles saíram da escola, e quando seguiram em direção à casa de Alan.

Eu só tinha estado na casa de Alan uma vez. Na verdade, não era uma casa, era quase uma mansão. E ele morava sozinho lá.
Crimes são uma coisa muito rara, por isso não é estranho que a "casa" tivesse apenas uam cerca.

Talvez, só talvez, eu possa ser acusada de invasão de propriedade.

Para minha sorte, eles foram conversar na sala que ficava no andar térreo. Eu pude me esconder em uma das plantas que ficava enconstada na janela, e, se prestasse atenção, podia escutá-los.

Talvez isso seja espionagem.

Tentei me concentrar neles.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 9

"Precisamos conversar"
"Nós já conversamos"
"Não. Eu tentei conversar com você, mas você nem quis me ouvir. Mas nós precisamos conversar de verdade"
"O que é que você quer, afinal?"


Ele já está me irritando. Hoje, mais uma vez, ele quer "conversar" comigo. Eu já não disse que não tenho nada para falar para ele? Dessa vez, ele não perdeu tempo:veio atrás de mim assim que pos os pés na escola.

"Me desculpe por incomodar Vossa Alteza, mas a situação é mais séria do que a senhorita pensa."
"Mais uma vez, falou o super-herói"
"Mas você também já deve ter sentido isso. Com certeza, já deve ter tido sonhos com um lugar que você conhece, mesmo sem nunca ter visto. Já deve ter sentido alguma coisa sendo tirada de você. Se tudo continuar assim, você logo vai sentir uma dorzinha bem... aqui"

Ele apontou para o meu pulso direito. Exatamente no lugar onde estava doendo. No início, eu achei que ele só estivesse dizendo coisas aleatórias. Mas ele não tinha como saber sobre isso.

Por mais que eu quisesse manter distância dele, fui obrigada a acompanhá-lo até um lugar tranquilo para podermos conversar. Foi um pouco difícil pensar em algo convincente para dizer para Ariana. Provavelmente, eu terei problemas por sair assim antes da aula começar, e não acho que voltarei a tempo.
Mas eu tenho um problema mais grave para resolver.

domingo, 1 de maio de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 8

Ariana veio comigo para a minha casa. Meu avô não entendeu direito o que eu estava fazendo. Para falar a verdade, nem eu entendi direito. Eu queria que ela estivesse por perto. Assim, se alguma coisa acontecesse, eu poderia agir mais rápido. Agir como? Eu ainda não sei.

Eu me deitei. Fiquei rolando na cama, sem conseguir parar de pensar no que aconteceu hoje. Todos os meus medos, todas as minha inseguranças, tudo isso me perseguia nos pensamentos mais assustadores. Eu estava com medo de dormir.

Mas eu dormi. E depois...
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....eu estava novamente naquele lugar. Tão familiar, tão estranho. Estava frio. Meus pés descalços tocavam o chão coberto de gelo. Meu pijama não era suficiente para me proteger do vento frio e da neve. Eu via na minha frente tudo o que estava me assombrando durante o dia. Mais uma vez, meus pais estavam morrendo na minha frente, e eu não podia fazer nada para impedir. Mais uma vez, eu vi o sangue escorrendo. Mais uma vez, minhas lágrimas caíam sem parar.
Então, veio a dor. Meu pulso direito começou a doer intensamente.

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Acordei. Quem disse que não sentimos dor nos sonhos era um grande mentiroso. O mais impressionante é que a dor parou assim que eu abri os olhos. Olhei para o meu pulso, mas ele parecia normal. Mas eu ainda estava com uma sensação muito forte. Parecia que alguma coisa estava sendo tirada de mim.

Me levantei sem a menor disposição para ir para a escola.

Minha melhor amiga- Complicação- parte 7

"Bem, e parece que a Ariana está na casa da Rani"
"Hmm"


Não precisei insistir muito para Antônio me contar o que ele tinha conversado com Inha no telefone.

"Sua irmã por acaso... contou para a Priscila o que ela precisa fazer para...?"
"..."
"Você já sabia disso?"
"Já faz um tempo que a Priscila está procurando pelo jeito de romper a corrente. Ela já veio falar comigo várias vezes, sobre isso. Eu tentei dizer para ela que isso era loucura, mas ela não desistiu."
"Por que você não me falou nada sobre isso antes?"
"Ela não iria escutar ninguém.... me desculpe"

A situação está ficando mais séria do que eu imaginava. Eu preciso agir, e logo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 6

"E aí, o que ela queria?"
"Nada em especial"

Eu fiquei esperando por meia hora os dois terminarem de conversar, e é só isso o que ele tem a dizer?

"Com a situação do jeito que está, você quer mesmo que eu acredite que não era nada em especial?"
"Desculpe. É que fica meio difícil para ela falar comigo lá na escola"
"Ela não bloqueia a Rani?"
"Não é por causa da Rani... é por causa ds outros"
"Outros?"
"Os outros prisioneiros... eles não... vão muito com a minha cara"

Não me dei ao trabalho de perguntar o motivo. Eu sei muito bem o motivo.

"Ah.... eu sinto muito por isso"
"Então é nisso que você estava pensando todo preocupado o dia todo? Não liga para isso, não. Você não teve culpa"
Eu sabia que ele ia dizer isso. Ele sempre diz isso.

"Então quem é que teve?"
"Ninguém. Mas isso é passado. O que importa é o presente, e nós estamos com um belo problema"
"Bem, a gente não tem nem certeza se é mesmo um problema"

Pode parecer estranha toda essa nossa preocupação só porque a Ariana não sabe onde está a Priscila, principalmente se você não entende muito bem como o "sistema" funciona. Então, deixa eu explicar melhor como ele é:


Antes de tudo, toda pessoa é acompanhada por um prisioneiro. Toda. Isso é o normal, o natural, é o jeito que as coisas são, você querendo ou não. As pessoas que se dizem "normais" podem fazer o que quiserem com seus prisioneiros, podem pedir a eles qualquer coisa, podem colocá-los para fazer coisas que são preguiçosos demais para fazer. Isso também é normal, etc, etc, você querendo ou não.
Então, você tem seu(a) prisioneiro(a) e ele tem que te obedecer. Para isso, existe o Mundo Interior, a dimensão paralela da mente do seu prisioneiro(a). Existem várias teorias sobre como isso funciona, e eu posso garantir que a maior parte está completamente errada. Mas o jeito que funciona não importa, o que importa é que funciona.
O mundo tem sido assim há muito tempo. Existem registros de mais de 5 mil anos atrás que já falam sobre isso. Então, o mundo já era assim quando nascemos, nós ouvimos as mesmas coisas de nossos pais e professores na escola, aparece na TV e em livros. A maioria esmagadora da população não acha estranho, não se pergunta o porquê. Mas, de tempos em tempo aparece alguém que resolve tentar descobrir a verdade sobre isso. Eu tive o (des)prazer de conhecer duas pessoas assim. Os pais da Rani. Bem, os dois estavam tão focados em perseguir a verdade que acabaram encontrando. Mais do que isso: a verdade encontrou eles, e.... bem, digamos que as vidas deles foram encurtadas por causa disso.
Qual é a verdade? Bem, eu posso dizer que é algo bem diferente do que todos acreditam. Eu ainda não conheço exatamente toda ela, mas uma boa parte. Mas eu também tive que enfrentar as consequências por isso.

Bem, lembra-se do que eu disse, sobre toda pessoa ser acompanhada por um prisioneiro? Bem, essa é a regra. Mas todos sabemos que toda regra tem sua exceção. Durante sua pesquisa, os "doutores pais da Rani" descobriram que existe um jeito de separar uma pessoa e seu prisioneiro. Separar mesmo, para sempre. Isso porque os dois são ligados por uma corrente que só pode ser vista no Mundo Interior. Se essa corrente for rompida, a pessoa "normal" se torna uma exceção ambulante. E seu prisioneiro se torna.... bem, outra pessoa "normal"/ exceção ambulante. O problema é que o rompimento dessa corrente é um processo complicado, que pode causar até a morte da pessoa. Esse "método" não é muito conhecido entre as pessoas normais, mas a maioria dos prisioneiros sabe que é possível, apesar de não saber como fazer. E eles não tem muitos motivos para usá-lo.

Minha preocupação (e a de todo mundo) é que Priscila esteja tentando fazer isso. Não sei como ela descobriria a "técnica" sozinha, mas ela convive com pelo menos duas pessoas que a conhecem. Se ela tentasse isso, não tem como saber quais seriam as consequências.
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"O que você estava fazendo?"
"Explicando o que está acontecendo para os leitores"
"Mas você não disse o mais importante"
"Isso eles vão ter que descobrir sozinhos se quiserem saber antes de eu contar para a minha amiguinha!"

sexta-feira, 11 de março de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 5

"Está bem, Rani. Eu não vou fazer nada, mas é só por enquanto. Se eu notar que as coisas estão ficando piores, eu vou contar tudo para ela. E não importa se você vai me odiar pelo resto da vida."
"Eu já te odeio"
"Eu só gostaria que você pensasse um pouco no que você disse. Não se esqueça, eu sou o único aqui que realmente sabe como isso é. Você pode ter visto de perto, mas eu sou o único que sentiu como é."

...
"Você não deveria ter falado com ela. Ela não tá nem aí para o que está acontecendo"
"Isso não é verdade. A Rani é... complicada. Mas ela também está preocupada. Do jeito dela."

"Bela forma de demonstar preocupação"

Eu sei que ela está tão preocupada com a situação quanto eu. Mas ela tem uma tendência a achar que pode fazer tudo sozinha. E, além disso...

Ela me odeia. Eu gostaria de dizer que ela só disse aquilo porque estava nervosa, que as coisas não são bem assim. Mas eu sei que ela realmente me odeia. E eu não posso fazer nada a respeito.

...

Cheguei em casa. Bem, eu e Antônio moramos em uma casa bem... grandinha. Quando meu "pai" morreu, deixou essa casa para mim. Eu não tenho ideia do motivo. É sério, eu não sei. A única outra pessoa que sabe sobre isso é aquele velho. Falando nele...

"Telefone"

Exatamente. Era ele. Não sei o que ele pode estar querendo agora.

"Fiquei sabendo sobre o que aconteceu hoje na escola"
"E?"
"Você está passando dos limites!"
"O que foi que eu fiz de errado?"
"Você não deve se intrometer nesse assunto! Por acaso, está tentando dizer mais do que devia à minha neta?"
"Eu não estou tentando fazer nada! Tudo o que eu quero é ajudar a Ariana, que é minha amiga, caso não saiba."
"É melhor você tomar cuidado com o que fala, ou então..."
"Ou então o que? O que você vai fazer? Eu não tenho medo de você. E eu estou cansado dessas ameaças. Saiba que eu só não conto tudo para a Rani porque eu não quero que ela se sinta mal."
"Está avisado"
Eu ia desligar o telefone quando ouvi um som diferente.
"Por favor, não desliga!"
"Inha?"
"Eu... será que eu posso..."
"Já vou passar o telefone para ele"

Entreguei o telefone para Antônio, e fui para meu quarto.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 4

Eu cheguei em casa suando. Meu avô não entendeu o porquê da minha corrida até em casa. Mas quando eu comecei a contar,o sorriso dele desapareceu.

Ele tentou me acalmar. Disse que talvez não fosse nada demais. Me disse que poderia ser apenas um mal-entendido. Mas eu podia ver que ele estava preocupado. Muito preocupado.

No final, ele me convenceu a visitar a Ariana e ver como ela estava. Eu também achei uma boa ideia. Se eu quero ajudar ela, eu preciso estar do lado dela.

Alguém bateu na porta. Era ela.

"Onde você estava?"
"Me desculpe. Eu não consegui te acompanhar."
Eu olhei bem para ela. Sabia que ela estava mentindo. Ela nem parecia ter tentado me acompanhar. Mas eu resolvi não insistir na pergunta.

" Eu vou sair. Você fica aqui."
" Você não quer que eu vá junto?"
"Você fica aqui!"
...

"Oi, tia! Eu vim ver a Ariana, queria saber se ela está bem"
"Ah, oi, Rani. Pode entrar. Ela está no quarto."

Fui para o quarto dela. Ela estava no computador, mas fechou a janela em que estava assim que eu entrei.
"Que milagre! Você, no computador"
"He he, pois é. Eu já ia desligar"
"Não precisa, não. Eu só vim ver se você estava bem"
"Eu melhorei, sim"
"..."
"..."
"Ariana, eu sei que eu já te disse isso hoje, mas você sabe que pode confiar em mim, não é?"
"Eu confio em você"
"Será que eu posso te fazer uma pergunta, então?"
"...Pode"
"O que você quis dizer com ' não sei onde ela está'?"
"Eu não sei... ela deve ter saído no meio da noite, eu não sei"
"Você já tentou usar o Mundo Interior? Eu sei que você não gosta, mas assim, pelo menos, você pode fazer ela voltar"
"Eu tentei. Mas ela também não estava lá. "

Isso era o que eu temia. Tá, não exatamente isso, mas eu tinha medo de que ela não tivesse como encontrar a prisioneira.

'Você está me ouvindo?'
'Sim'
' Eu quero que você diga uma coisa para o vovô'
'Ele está no telefone'
'O que? Com quem ele está falando?'
'...'
'Me responde!'
'Com o Alan'
' ?! '
'Eu... eu não deveria ter dito...'
'Deixa de drama! Me avisa quando ele sair'

Meu avo conversando com o Alan? Eles não tem nada para conversar, a não ser que.... não, o meu avô não está achando que a gente precisa da ajuda daquele... daquele cara!

"Rani? Está tudo bem? Você está com uma cara estranha"
"Me desculpa, Ariana. Eu.... Você não quer dormir lá em casa?"
"Dormir? Mas ainda nem é meio-dia!"
"Eu sei. Mas você poderia vir comigo lá para casa, e passar a tarde, e passar a noite. Que tal?"
"Bem, eu vou falar com a minha mãe"

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 3

"Nós precisamos conversar"

Foi dessa forma amigável que Alan veio falar comigo depois da aula. Ele e o "prisioneiro" dele estavam me olhando de uma forma estranha. Eu sabia sobre o que ele queria falar. Eu sabia que ele também tinha notado. E ele era a última pessoa do mundo com quem eu queria discutir esse assunto.

"Eu não tenho nada para falar com você!"
"Ah, você tem sim!"
"Não se mete nisso!!"


Eu simplesmente odeio quando ele se intromete na conversa. E ele parece saber disso, já que insiste em sempre fazê-lo.


"Gritar não vai adiantar nada, Rani. Você sabe o que está acontecendo com a sua amiga, e você sabe o que pode acontecer se a situação continuar assim. E você também sabe que não pode resolver isso sozinha. E você sabe que...."
"Cala a boca!!! Não vai acontecer nada! Eu não vou deixar acontecer nada de ruim com a Ariana!"


Quem ele pensa que é? Um tipo de super-herói, que se ele se meter nisso, vai ficar tudo bem?

"Encare os fatos. A prisioneira dela sumiu. E, pelo que eu conheço a Ariana, ela não deve ter ideia do que isso pode significar. Se continuar assim, ela pode acabar...."
"Eu sei disso!!!!! Não sei porque todo mundo insiste em ficar falando disso!"


Ninguém precisa me lembrar da gravidade disso. Eu não preciso ser lembrada, pois eu vi o que pode acontecer.

"Rani, você conhece bem essa situação. Mesmo que seja apenas um alarme falso, a gente tem que falar com ela. Ela precisa saber o risco que está correndo!"
"Não! Eu não vou deixar você dizer uma palavra sobre isso para ela!"
"Por que isso? Você prefere deixar que ela se machuque... ou pior do que isso,...."
"Não! Você acha que eu não sei o quanto você estava esperando por isso? Por uma oportunidade de falar mal dos meus pais outra vez?"
"Não tem nada a ver com isso. Eu também não quero que aconteça algo assim de novo..."

Agora ele me irritou. Ele sabe que isso é algo que ainda me machuca, mesmo que já tenha passado muito tempo. E ele nunca demonstrou ter se sentido mal pelo que aconteceu. Mesmo que ele também tenha sido responsável pelo "acidente" em que os meus pais morreram. Sim, ele também foi responsável pelo que aconteceu, mesmo que indiretamente. E agora ele quer me fazer acreditar que está com medo de que algo parecido aconteça de novo?

"Para com isso!! Para de tentar fazer chantagem emocional, e para de tentar me fazer parecer uma irreponsável! Eu já disse que eu sei o que está acontecendo, e eu já disse que eu não vou deixar nada de errado acontecer com a Ariana. Eu não preciso da sua ajuda, eu não preciso das suas dicas e eu não preciso de você! Por que você simplesmente não some da minha frente? Aliás, por que é que você não some da minha vida?"
"Está bem, Rani. Eu não vou fazer nada, mas é só por enquanto. Se eu notar que as coisas estão ficando piores, eu vou contar tudo para ela. E não importa se você vai me odiar pelo resto da vida."
"Eu já te odeio"
"Eu só gostaria que você pensasse um pouco no que você disse. Não se esqueça, eu sou o único aqui que realmente sabe como isso é. Você pode ter visto de perto, mas eu sou o único que sentiu como é."

Depois disso, os dois saíram.
"Eu não vou esquecer."

Olhei para o lado. Minha prisioneira estava lá. Há quanto tempo ela estava ouvindo a conversa?

'Me desculpe. Eu estava aqui o tempo todo, mas não foi nenhuma novidade'
'Como é?'
'É o que sempre acontece quando vocês dois conversam. Vocês sempre brigam, e sempre acabam abrindo feridas do passado.'

Olhei fixamente para ela. Isso é, do lado de fora.
Eu tinha consciência de estar de pé do lado de fora da escola. Sabia que não havia quase ninguém além de nós duas. Ariana se sentiu mal e voltou para casa mais cedo hoje. André já tinha ido para casa, também. Um cachorro estava andando perto da esquina. Muitos carros passavam. Estava calor, quase sem vento.

Mas, ao mesmo tempo, eu também estava em outro lugar. Lá, apenas eu e a prisioneira. Uma corrente de metal saía de dentro do meu pulso direito, e se estendia até a pulseira de metal no braço direito da prisioneira. Estava nevando, mas eu não sentia frio. Estava de noite, e não havia nenhuma estrela no céu. É o mundo interior.

"Tome cuidado com o que fala"
Eu não preciso me preocupar com o que falo aqui dentro. Porque eu não estou falando isso lá fora. E também não preciso me preocupar em andar para a direção em que, lá fora, fica a rua. Porque aqui a única coisa que tem nessa direção é uma prisioneira com medo.

"Me desculpe. Eu apenas..."
Outro olhar congelante na direção dela. Ela se abaixou. Agora a dor estava piorando.

Ela é minha prisioneira, o que significa que eu posso fazer qualquer coisa com ela. Ela tem que me obedecer. Se não o fizer por bem, eu posso usar outros meios, como esse. Sim, eu posso fazer ela sentir dor apenas olhando para ela.

Puxei a corrente que nos une para que ela chegasse mais perto.
"Você sabe o que está acontecendo com a Ariana, não sabe?"
"Eu..."

"Responda"
"Sim, eu ach..."
"Eu vou te perguntar só uma vez: você tem alguma coisa a ver com isso?"

"Eu.... me des... culpe"

Voltei ao "mundo real". Qualquer um que estivesse nos observando não iria notar nenhuma diferença. Apenas veria nós duas nos olhando, e só escutaria o que ela disse.

Comecei a tomar o caminho para casa. Quando vi, já estava correndo. Eu precisava ver meu avó logo. Nem olhei para trás para ver se ela estava me seguindo. Ela teria que vir comigo, querendo ou não. Mas isso já não tinha nenhuma importância.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bubbles- parte 19b

Até que ponto uma pessoa pode conseguir estragar tudo de um jeito que não tem volta???



Clara pegou o carro e nos trouxe até aqui. O problema é que não era para nós pararmos exatamente aqui. Mas alguns problemas técnicos com o carro, tivemos que parar aqui. Isso deixou Clara desesperada. Mas ela tentou parecer forte, e isso irritou a Tatiana.



Depois disso, Clara saiu correndo e eu a segui. E então....



"Ela não queria dizer aqueles coisas daquele jeito. Ela só... tá nervosa"

"É tudo culpa minha. Eu.... eu não sei o que deu em mim. Eu não aguentava mais continuar no laboratório!"

"Laboratório?"
"Eu não sabia mais o que fazer. Eu não sei mais o que fazer! Eu não consigo fazer nada sozinha... mais uma vez, eu sou um completo fracasso"

"Você não é um fracasso.... não para mim..."



E aí eu fiz a maior bobagem da minha vida. Sim, eu beijei ela. Por que isso foi uma bobagem? Porque logo depois....



"Mário, o que você pensa que... o que foi isso?"

"Eu.... eu te amo!"

"Você o que? Para com isso, por favor!"



Acha que isso é tudo? E se eu disesse que "certa pessoa" também viu isso?

Resultado: agora a Clara não fala mais comigo. E a Tatiana nem quer olhar na minha cara.

....
Pelo menos,depois dessa confusão nós tivemos uma boa notícia. O lugar no meio do nada onde nós estávamos não era exatamente no meio do nada. Nós paramos relativamente perto de um parque de diversões. Mas não era um paque de diversões qualquer, apesar de parecer. Esse é um lugar onde muita coisa aconteceu.

Clara disse que os brinquedos estavam em boas condições e que poderiam ser ligados. Então eu sugeri que nós reativássemos o lugar. Eu realmente fiquei entusiasmado com a ideia.

Então, eu e a Clara cuidamos dos brinquedos e a Tatiana vende entradas. Já estamos há um mês aqui e isso aqui tá se tornando razoavelmente popular (se você considerar que estamos longe de qualquer coisa e que só podemos ligar no máximo 3 brinquedos ao mesmo tempo.)

Mas eu estou gostando disso. Esse lugar me traz lebranças muito boas.

Minha melhor amiga- Complicação- parte 2

Eu por acaso já disse alguma vez o quanto eu odeio o Alan???? Eu estou falando sério, esse garoto consegue me tirar do serio!!!

Nós convivemos um com o outro há muito tempo. Pelo que eu me lembro, ele não costumava ser tão irritante assim quando éramos crianças...

'Sua memória precisa ser melhorada'
'Quando foi que eu pedi sua opinão?'

Bem, o motivo por eu me lembrar de que eu o odeio é bem simples.

......

"E então, Ariana, cadê a Priscila?"
" Bem..."

"E quem é liga para isso, hein? Vamos, Ariana, vamos para a sala!"

Eu notei que a pergunta a abalou um pouco.

Eu não sou burra. Eu já tinha notado que a "coiso" não estava com ela. Sim, eu já tinha pensado que isso tinnha a ver com seja lá o que está acontecendo.

'Assim como daquela....'
'EU SEI DISSO TAMBÉM!!!!!'

Ela adora me lembrar disso. Como se eu já não fosse obrigada a encarar a realidade todos os dias.

Mas o caso da Ariana é diferente. Tem que ser diferente. Ela é diferente. Ela e a prisioneira são quase como... amigas. Por mais que isso seja estranho, é a verdade. De todas as pessoas do mundo, a Ariana é a última com quem isso poderia acontecer...

Nós duas caminhamos em silêncio.
"Eu não sei"
"Hein?"
"A resposta para a pergunta dele. Eu não sei"
"Como assim, não sabe?"
"Eu simplesmente não sei!"

Ela parecia realmente nervosa.
"Não precisa se preocupar tanto assim com isso"

Mas, na verdade, esse era um motivo para grandes preocupações.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Bubbles- parte 19

Vamos deixar uma coisa bem clara aqui: eu nunca tive amigos na minha vida, não tenho a menor ideia de como falar com as pessoas e sou completamente anti-social. Passei a maior parte da minha vida em um internato. É fato, é simples e não tem nada demais nisso. As pessoas que estão comigo nesse exato momento estão cansadas de saber. Então, POR QUE É QUE EU TENHO QUE FAZER ISSO???????

"Serão quantas entradas, senhora?"
"Uma inteira e duas meias, por favor"
"Aqui estão. Divirtam-se!"

Você com certeza está se perguntando como é que eu vim parar na entrada de um parque de diversões no meio do nada, e por que eu estou vendendo entradas, ou talvez.... onde foram parar aqueles dois que deveriam ser os responsáveis por mim nesse lugar estranho e sombrio. Bem, a resposta para cada uma dessas perguntas é uma história muito engraçada, que começou há mais ou menos um mês....

Nós saímos da "casa de vidro" em um carro comandado pela motorista mais doida que existe: uma garota de 16 anos com nada na cabeça chamada Clara. O nosso carro "bateu" (só não me pergunte no quê, já que aqui não tem nada para se bater) e nós ficamos sem ter como sair daqui (uma caminhada de quilômetros quando não se trouxe nem uma garrafinha de água não é uma boa ideia). A Clara voltou ao seu normal como se nada tivesse acontecido e logo depois teve uma crise de choro no outro lado do carro, achando que ninguém ia ver (nosso carro era tranparente). Depois, o Mário foi lá consolar a pobrezinha e eu de alguma forma virei a vilã da história só porque não fiquei com peninha da dona Sabe-tudo que, aliás, é a culpada por tudo isso, só para começo de conversa.

Enquanto os dois tinham seu momento romântico do outro lado do carro (mais uma vez, como se ninguém pudesse ver), eu consegui ver a forma de alguma coisa lá longe. Depois que a troca de saliva deles acabou, a Clara, misteriosamente recuperada, falou que a gente deveria ir até lá. E tudo que a Clara fala, a gente obedece (afinal, ninguém aprendeu nada com a última vez). Só que ela também falou para a gente levar o carro até lá... Se você nunca caminhou quilômetros arrastando um carro quebrado feito de um material estranho, você não faz ideia de como é.

Eu estava muito ocupada com meus planos de como me livrar daquele casalzinho insuportável quando chegássemos a seja lá onde para notar que já havíamos chegado. A má notícia é que aquele lugar já devia estar abandonado há séculos. E ganha um pacote de bolhas de sabão quem descobrir o que era esse lugar.

Por algum motivo, meus "companheiros" entraram em transe quando reconheceram o lugar. Para mim, parecia apenas um cenário de filme de terror. Mas para os pombinhos, esse lugar parecia o paraíso na Terra.

Depois disso, as coisas passaram muito rápido: Clara disse que todos os euipamentos estavam em boas condições, "alguém" deu a ideia de reativarmos o lugar e voltamos ao começo.

Por incrível que pareça, o lugar está sempre cheio de pessoas que chegam aqui... de algum jeito. Eu já pensei em perguntar se a cidade fica perto, em pedir carona até lá ou até em entrar no porta malas de algum carro. Sim, eu quero sair daqui, e o mais rápido possível. Não, não pretendo dizer isso a ninguém. De qualquer forma, um parque de diversões pode ser um negócio bem romântico. Eu fico apenas segurando vela para eles aqui. Mas quando eu penso em voltar ao "mundo real"... que tipo de coisa eu iria fazer? Não é como se eu soubesse onde moram meus pais (se é que eles são mesmo quem dizem ser). Eu iria estar sozinha...

"Olá! Serão quantas entradas?"