terça-feira, 25 de outubro de 2011

Minha melhor amiga- Espionagem- parte 2

"Tudo bem. Eu vim até aqui com você. Agora diga o que tem para dizer de uma vez!"
Agora o mundo parece ter voltado ao normal. Rani discutindo com Alan.

"Elas sabem. Priscila... e Inha. Elas sabem como romper a corrente."

Eu devo ser a pior espi.... pessoa-não-muito-curiosa-querendo-ouvir-o-que-dois-amigos-tem-a-dizer-um-para-o-outro-em-segredo-sem-eles-descobrirem do mundo. Isso porque, ao ouvir o nome de Priscila, eu não consegui me controlar e acabei falando alto demais.

"O que?"

Os dois olharam para a janela onde eu estava escond...... onde eu estava.

"Ariana.... o que você está...?"
"Ariana? Que educação a minha.... Entre, por favor. Você sabe onde fica a porta não é? Não tem problema. Entre pela janela mesmo, por favor. A propósito, nós não deveríamos estar na escola?"
A reação de Alan me deixou completamente sem palavras. Ele agiu como se eu estivesse lá a convite dele, e não esc.... ahn, atrás de uma planta casualmente observando a conversa dele pela janela. Ele simplesmente abriu a janela e me puxou para dentro da sala.

"Alan, o que você pensa que está...?"
"Eu estou fazendo isso pelo bem de todos, irmãzinha. Isso vai nos poupar de muitas discussões inúteis que só nos fariam perder tempo."
"Não me chama de 'irmãzinha'!! Ninguém te deu autorização para me chamar assim!!!"
"Ahn... oi"
Rani parecia a ponto de matar o Alan, ou de fazer algo bem pior. Ele falava como se estivéssemos em uma festa do chá. E eu estava sem saber o que fazer.
...

"Bem, Ariana, então você estava nos espionando?"
"Não... eu só estava.... observando casualmente..."
"Por que você veio até aqui, Ariana? O quanto você ouviu?"
"Eu...ouvi tudo o que vocês falaram depois de chegar aqui"
"E ainda diz que não estava espionando?!?!"
"Mas foi tão pouquinho.... Além disso, eu nem entendi nada..."

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Minha melhor amiga- Espionagem- parte 1

Em primeiro lugar, eu quero deixar bem claro que eu não sou uma pessoa (muito) curiosa.

....


Eu acordei assustada naquele dia. Tudo parecia normal, mas faltava algo. Ela.

Eu sempre considerei Priscila uma grande amiga. Ela é como uma irmã que eu nunca tive. Por isso, você pode imaginar como eu me senti quando acordei e ela não estava lá. Eu tentei chamá-la, procurá-la no Mundo Interior... mas nada adiantou.
Eu fiquei muito, muito preocupada com ela. Com o que poderia ter acontecido. E, para piorar tudo, eu ainda estava com uma dor de cabeça que não parava.

Na escola, a pergunta de Alan me fez me sentir ainda pior. Se alguma coisa tivesse acontecido com minha amiga, seria tudo minha culpa. Não aguentei e tive que ir para casa mais cedo.

Em casa, de tarde, eu liguei o computador. Minha cabeça já não doía tanto. Eu tive vontade de escrever para alguém, de pedir ajuda para minhas amigas virtuais...... provavelmente Renosirp poderia me dizer o que fazer em uma situação dessas. Mas eu não podia fazer isso. Eu me sentia envergonhada por ter deixado isso acontecer. Uma inútil, irresponsável.

Eu ia desligar o computador quando Rani chegou. E então, do nada, ela me chamou para passar o dia na casa dela.

Como eu disse, eu não sou curiosa. Mas o que aconteceu durante a noite foi algo que eu não podia ignorar.

Eu acordei mais cedo do que a Rani (sim, é um milagre). E então eu olhei para ela. Havia alguma coisa errada.

Minha amiga ainda estava dormindo. Mas a expressão dela estava tão alterada. Parecia até que ela estava passando mal. E aquilo nos olhos dela..... eram lágrimas?
....
Nós duas fomos para a escola juntas, como sempre. Ela estava muito calada. Tive vontade de perguntar se ela estava bem, mas... tive medo de só incomodá-la. Se ela quisesse me contar o que era, ela faria isso.

Deixei minhas coisas na sala e voltei para o pátio. E vocês não imaginam o que eu vi: do outro lado do pátio, conversando tranquilamente, estavam Rani e Alan. Só os dois.
Acontece que.... bem, eu não me lembro quando foi a última vez que eu vi algo assim. Se eu ou o André não estamos por perto, os dois sempre acabam brigando. Então, ninguém pode me culpar por querer saber qual era o motivo disso.
Mas, quando eu estava perto o suficiente para ouvi-los (e eles não pareciam me ver), percebi que eles pareciam muito preocupados. Então, mais uma vez, ninguém pode me culpar por ter seguido eles. Mesmo quando eles saíram da escola, e quando seguiram em direção à casa de Alan.

Eu só tinha estado na casa de Alan uma vez. Na verdade, não era uma casa, era quase uma mansão. E ele morava sozinho lá.
Crimes são uma coisa muito rara, por isso não é estranho que a "casa" tivesse apenas uam cerca.

Talvez, só talvez, eu possa ser acusada de invasão de propriedade.

Para minha sorte, eles foram conversar na sala que ficava no andar térreo. Eu pude me esconder em uma das plantas que ficava enconstada na janela, e, se prestasse atenção, podia escutá-los.

Talvez isso seja espionagem.

Tentei me concentrar neles.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 9

"Precisamos conversar"
"Nós já conversamos"
"Não. Eu tentei conversar com você, mas você nem quis me ouvir. Mas nós precisamos conversar de verdade"
"O que é que você quer, afinal?"


Ele já está me irritando. Hoje, mais uma vez, ele quer "conversar" comigo. Eu já não disse que não tenho nada para falar para ele? Dessa vez, ele não perdeu tempo:veio atrás de mim assim que pos os pés na escola.

"Me desculpe por incomodar Vossa Alteza, mas a situação é mais séria do que a senhorita pensa."
"Mais uma vez, falou o super-herói"
"Mas você também já deve ter sentido isso. Com certeza, já deve ter tido sonhos com um lugar que você conhece, mesmo sem nunca ter visto. Já deve ter sentido alguma coisa sendo tirada de você. Se tudo continuar assim, você logo vai sentir uma dorzinha bem... aqui"

Ele apontou para o meu pulso direito. Exatamente no lugar onde estava doendo. No início, eu achei que ele só estivesse dizendo coisas aleatórias. Mas ele não tinha como saber sobre isso.

Por mais que eu quisesse manter distância dele, fui obrigada a acompanhá-lo até um lugar tranquilo para podermos conversar. Foi um pouco difícil pensar em algo convincente para dizer para Ariana. Provavelmente, eu terei problemas por sair assim antes da aula começar, e não acho que voltarei a tempo.
Mas eu tenho um problema mais grave para resolver.

domingo, 1 de maio de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 8

Ariana veio comigo para a minha casa. Meu avô não entendeu direito o que eu estava fazendo. Para falar a verdade, nem eu entendi direito. Eu queria que ela estivesse por perto. Assim, se alguma coisa acontecesse, eu poderia agir mais rápido. Agir como? Eu ainda não sei.

Eu me deitei. Fiquei rolando na cama, sem conseguir parar de pensar no que aconteceu hoje. Todos os meus medos, todas as minha inseguranças, tudo isso me perseguia nos pensamentos mais assustadores. Eu estava com medo de dormir.

Mas eu dormi. E depois...
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....eu estava novamente naquele lugar. Tão familiar, tão estranho. Estava frio. Meus pés descalços tocavam o chão coberto de gelo. Meu pijama não era suficiente para me proteger do vento frio e da neve. Eu via na minha frente tudo o que estava me assombrando durante o dia. Mais uma vez, meus pais estavam morrendo na minha frente, e eu não podia fazer nada para impedir. Mais uma vez, eu vi o sangue escorrendo. Mais uma vez, minhas lágrimas caíam sem parar.
Então, veio a dor. Meu pulso direito começou a doer intensamente.

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Acordei. Quem disse que não sentimos dor nos sonhos era um grande mentiroso. O mais impressionante é que a dor parou assim que eu abri os olhos. Olhei para o meu pulso, mas ele parecia normal. Mas eu ainda estava com uma sensação muito forte. Parecia que alguma coisa estava sendo tirada de mim.

Me levantei sem a menor disposição para ir para a escola.

Minha melhor amiga- Complicação- parte 7

"Bem, e parece que a Ariana está na casa da Rani"
"Hmm"


Não precisei insistir muito para Antônio me contar o que ele tinha conversado com Inha no telefone.

"Sua irmã por acaso... contou para a Priscila o que ela precisa fazer para...?"
"..."
"Você já sabia disso?"
"Já faz um tempo que a Priscila está procurando pelo jeito de romper a corrente. Ela já veio falar comigo várias vezes, sobre isso. Eu tentei dizer para ela que isso era loucura, mas ela não desistiu."
"Por que você não me falou nada sobre isso antes?"
"Ela não iria escutar ninguém.... me desculpe"

A situação está ficando mais séria do que eu imaginava. Eu preciso agir, e logo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 6

"E aí, o que ela queria?"
"Nada em especial"

Eu fiquei esperando por meia hora os dois terminarem de conversar, e é só isso o que ele tem a dizer?

"Com a situação do jeito que está, você quer mesmo que eu acredite que não era nada em especial?"
"Desculpe. É que fica meio difícil para ela falar comigo lá na escola"
"Ela não bloqueia a Rani?"
"Não é por causa da Rani... é por causa ds outros"
"Outros?"
"Os outros prisioneiros... eles não... vão muito com a minha cara"

Não me dei ao trabalho de perguntar o motivo. Eu sei muito bem o motivo.

"Ah.... eu sinto muito por isso"
"Então é nisso que você estava pensando todo preocupado o dia todo? Não liga para isso, não. Você não teve culpa"
Eu sabia que ele ia dizer isso. Ele sempre diz isso.

"Então quem é que teve?"
"Ninguém. Mas isso é passado. O que importa é o presente, e nós estamos com um belo problema"
"Bem, a gente não tem nem certeza se é mesmo um problema"

Pode parecer estranha toda essa nossa preocupação só porque a Ariana não sabe onde está a Priscila, principalmente se você não entende muito bem como o "sistema" funciona. Então, deixa eu explicar melhor como ele é:


Antes de tudo, toda pessoa é acompanhada por um prisioneiro. Toda. Isso é o normal, o natural, é o jeito que as coisas são, você querendo ou não. As pessoas que se dizem "normais" podem fazer o que quiserem com seus prisioneiros, podem pedir a eles qualquer coisa, podem colocá-los para fazer coisas que são preguiçosos demais para fazer. Isso também é normal, etc, etc, você querendo ou não.
Então, você tem seu(a) prisioneiro(a) e ele tem que te obedecer. Para isso, existe o Mundo Interior, a dimensão paralela da mente do seu prisioneiro(a). Existem várias teorias sobre como isso funciona, e eu posso garantir que a maior parte está completamente errada. Mas o jeito que funciona não importa, o que importa é que funciona.
O mundo tem sido assim há muito tempo. Existem registros de mais de 5 mil anos atrás que já falam sobre isso. Então, o mundo já era assim quando nascemos, nós ouvimos as mesmas coisas de nossos pais e professores na escola, aparece na TV e em livros. A maioria esmagadora da população não acha estranho, não se pergunta o porquê. Mas, de tempos em tempo aparece alguém que resolve tentar descobrir a verdade sobre isso. Eu tive o (des)prazer de conhecer duas pessoas assim. Os pais da Rani. Bem, os dois estavam tão focados em perseguir a verdade que acabaram encontrando. Mais do que isso: a verdade encontrou eles, e.... bem, digamos que as vidas deles foram encurtadas por causa disso.
Qual é a verdade? Bem, eu posso dizer que é algo bem diferente do que todos acreditam. Eu ainda não conheço exatamente toda ela, mas uma boa parte. Mas eu também tive que enfrentar as consequências por isso.

Bem, lembra-se do que eu disse, sobre toda pessoa ser acompanhada por um prisioneiro? Bem, essa é a regra. Mas todos sabemos que toda regra tem sua exceção. Durante sua pesquisa, os "doutores pais da Rani" descobriram que existe um jeito de separar uma pessoa e seu prisioneiro. Separar mesmo, para sempre. Isso porque os dois são ligados por uma corrente que só pode ser vista no Mundo Interior. Se essa corrente for rompida, a pessoa "normal" se torna uma exceção ambulante. E seu prisioneiro se torna.... bem, outra pessoa "normal"/ exceção ambulante. O problema é que o rompimento dessa corrente é um processo complicado, que pode causar até a morte da pessoa. Esse "método" não é muito conhecido entre as pessoas normais, mas a maioria dos prisioneiros sabe que é possível, apesar de não saber como fazer. E eles não tem muitos motivos para usá-lo.

Minha preocupação (e a de todo mundo) é que Priscila esteja tentando fazer isso. Não sei como ela descobriria a "técnica" sozinha, mas ela convive com pelo menos duas pessoas que a conhecem. Se ela tentasse isso, não tem como saber quais seriam as consequências.
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"O que você estava fazendo?"
"Explicando o que está acontecendo para os leitores"
"Mas você não disse o mais importante"
"Isso eles vão ter que descobrir sozinhos se quiserem saber antes de eu contar para a minha amiguinha!"

sexta-feira, 11 de março de 2011

Minha melhor amiga- Complicação- parte 5

"Está bem, Rani. Eu não vou fazer nada, mas é só por enquanto. Se eu notar que as coisas estão ficando piores, eu vou contar tudo para ela. E não importa se você vai me odiar pelo resto da vida."
"Eu já te odeio"
"Eu só gostaria que você pensasse um pouco no que você disse. Não se esqueça, eu sou o único aqui que realmente sabe como isso é. Você pode ter visto de perto, mas eu sou o único que sentiu como é."

...
"Você não deveria ter falado com ela. Ela não tá nem aí para o que está acontecendo"
"Isso não é verdade. A Rani é... complicada. Mas ela também está preocupada. Do jeito dela."

"Bela forma de demonstar preocupação"

Eu sei que ela está tão preocupada com a situação quanto eu. Mas ela tem uma tendência a achar que pode fazer tudo sozinha. E, além disso...

Ela me odeia. Eu gostaria de dizer que ela só disse aquilo porque estava nervosa, que as coisas não são bem assim. Mas eu sei que ela realmente me odeia. E eu não posso fazer nada a respeito.

...

Cheguei em casa. Bem, eu e Antônio moramos em uma casa bem... grandinha. Quando meu "pai" morreu, deixou essa casa para mim. Eu não tenho ideia do motivo. É sério, eu não sei. A única outra pessoa que sabe sobre isso é aquele velho. Falando nele...

"Telefone"

Exatamente. Era ele. Não sei o que ele pode estar querendo agora.

"Fiquei sabendo sobre o que aconteceu hoje na escola"
"E?"
"Você está passando dos limites!"
"O que foi que eu fiz de errado?"
"Você não deve se intrometer nesse assunto! Por acaso, está tentando dizer mais do que devia à minha neta?"
"Eu não estou tentando fazer nada! Tudo o que eu quero é ajudar a Ariana, que é minha amiga, caso não saiba."
"É melhor você tomar cuidado com o que fala, ou então..."
"Ou então o que? O que você vai fazer? Eu não tenho medo de você. E eu estou cansado dessas ameaças. Saiba que eu só não conto tudo para a Rani porque eu não quero que ela se sinta mal."
"Está avisado"
Eu ia desligar o telefone quando ouvi um som diferente.
"Por favor, não desliga!"
"Inha?"
"Eu... será que eu posso..."
"Já vou passar o telefone para ele"

Entreguei o telefone para Antônio, e fui para meu quarto.